Tradição que remonta ao século XIII, a confecção dos tapetes de Corpus Christi é um meio encontrado pela Igreja Católica para homenagear o corpo e sangue de Cristo. Em Campo Grande, todos os anos, fiéis se reúnem para criar verdadeiras obras de arte que colorem as principais ruas da região central.
Inicialmente, feitos com flores, folhagens e ramos, os tapetes religiosos tiveram origem em Portugal e chegaram ao Brasil durante o processo de colonização. Conforme o estudo “Entre Cores e Significados: Os Tapetes Devocionais da Semana Santa em Ouro Preto”, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), os primeiros tapetes surgiram em Ouro Preto (MG), por volta de 1733, enfeitando as procissões do Triunfo Eucarístico.
Com o tempo, novos materiais passaram a compor os desenhos devocionais. A serragem colorida, por exemplo, ganhou espaço a partir da década de 1960. Já nos anos 1990, o uso de anilinas sintéticas ampliou as cores e trouxe mais possibilidades artísticas às representações.
Hoje, um novo material predomina em praticamente todos os tapetes, o sal boiadeiro. Produto comum na pecuária e usado para suplementação de gado, o sal se mostrou versátil na confecção dos tapetes. Isso porque pode ser usado em granulações diferentes, tingido com facilidade e aplicado com precisão.
Mais de 100 kg de sal em um único tapete

Na Comunidade Santo Afonso, o tapete de 26 metros conta com sal boiadeiro, TNT e placas de EVA. Ao todo, foram usados 36 sacos de sal de 5 kg. À frente do trabalho está Lucila Ortega, de 57 anos, uma das voluntárias mais antigas da comunidade. Ela conta que começou a produzir tapetes há mais de 20 anos, no Bairro Indubrasil, ainda no improviso.
“No começo, desenhava com giz no chão e usávamos serragem. Depois, percebi que dava para facilitar, então passei a levar os desenhos prontos no papel. Agora, usamos EVA, fazemos em casa, espalhamos o TNT e levamos tudo montado”, relembra.
Para Lucila, o mais importante é compartilhar o dom com a comunidade. “Não posso guardar isso só para mim. Todo mundo ficou feliz de aprender. No fim, o mais bonito foi essa união.”
Além do sal, materiais como glitter, mica, pó de café, areia colorida e até areia cinética dão vida à confecção dos tapetes. Ainda conforme estudo organizado pela UFMS, os tapetes devocionais incorporam, além de elementos religiosos, traços artísticos e culturais que expressam a fé e a tradição católica.
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