Acompanhando o movimento nacional da 26ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, professores da rede pública de ensino municipal e estadual se concentram em manifestação na Praça do Rádio Clube nesta quarta-feira (23), em Campo Grande. Segundo a GCM (Guarda Civil Metropolitana), são quase 9 mil pessoas no ato.
A ação contará ainda com uma passeata que percorrerá ruas do Centro da cidade. Os trechos são monitorados pela GCM, mas há impacto no trânsito nos cruzamentos da Avenida Afonso Pena.
Com grande adesão de profissionais da capital e do interior de Mato Grosso do Sul, os professores pedem abertura de novos concursos públicos, cumprimento do piso nacional do Magistério, fim da terceirização na educação, revogação da alíquota de 14% para aposentados e melhores condições de trabalho, inclusive, visando a saúde dos profissionais.
Segundo a vice-presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), professora Deumeires Moraes, 49% das vagas administrativas na rede pública são para servidores temporários.
“(Existem) muitas vagas puras (vagas não ocupadas) e é preciso realizar o concurso público porque, só o concurso público, garante aos professores, aos trabalhadores em educação, a carreira e o salário que é previsto em lei”, defende a educadora.

Para contribuir com o movimento, a professora Rosemary Borin Cavalheiro veio de Dourados a Campo Grande, em caravana.
“Atuo na educação há 25 anos. A (principal reivindicação) é a qualidade, acho que é o que o professor mais deseja. É ter salário digno, condições dignas de trabalho, concurso público. Porque a gente precisa de uma educação pública de qualidade. Há desvalorização salarial e o professor precisa ser valorizado. Então quando o salário não atende a demanda social da gente, eu acho que a gente chega no limite”, compartilha.
Assim como Rosemary, Odete Aparecida Magro Brito atua na educação há décadas e segue lutando por melhorias.
“Estou na educação há 28 anos, no administrativo, e não há concurso público para atender a nossa demanda. Estamos pedindo a valorização de quem cuida da educação, do próximo, dos filhos de muitos”, defende.
A questão da terceirização

Segundo o presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública), o professor Gilvano Bronzoni, em todo o Brasil, “as principais pautas, fora as questões locais de cada município, cada estado, são o não à terceirização.”
“O recurso público deve ser investido na escola pública para atender a quem mais precisa, porque a população que está lá no bairro, na periferia, no Centro, enfim, a população”, argumenta o representante.
Para ele, é o concurso público que vai oportunizar à sociedade ter acesso à educação de qualidade.
“A realização e chamamento do concurso público, como preconiza a lei do servidor público, que afirma que o profissional tem que ingressar no serviço público através de concurso público, e a defesa da valorização, a Lei do Piso (salarial), a lei da carreira, enfim, essas condições de trabalho, que não são apenas para o professor e para o administrativo, são elas que vão impactar na qualidade de educação para a criança, que é o nosso objetivo final”, detalha o professor.
Busca pelo diálogo
Gilvano explica que, em Campo Grande, são aproximadamente 11 mil servidores envolvidos na educação. Sendo assim, os profissionais esperam que, a paralisação e as manifestações, possam chamar a atenção das autoridades.
“A gente espera que com isso possamos manter o diálogo, fortalecer o diálogo com os poderes, tanto estadual quanto municipal, para que a gente possa chegar na resolução das pautas de forma a aprender a valorizar a educação”, defende.
Aos 56 anos, a professora Ana Maria Magro Lima também participa da manifestação nesta quarta-feira. Ela aproveitou a oportunidade para falar sobre as condições de trabalho na área de atuação dela.
“Eu era de escola e fui para um Ceinf (Centro de Educação Infantil). É muita diferença porque a escola atende 1.200, 1.300 crianças. Já um Ceinf atende 200, 300 crianças, e são crianças de 6 meses a 5 anos. Já a escola é de 6 anos a 12, 13, 14 anos”, detalha a educadora.
“Fiquei 18 anos na escola e a remuneração é a mesma. Não tem concurso público desde 2006. Então eles estão fazendo a terceirização, e isso é muito prejudicial, inclusive para nós funcionários públicos. Então estamos lutando pelo concurso público, porque concurso público dá dignidade ao funcionário e a terceirização privilegia apenas os políticos”, aponta a profissional.
Passeata
Nesta quarta-feira, a manifestação contará com uma passeata que percorrerá várias ruas de Campo Grande. A saída será da Praça do Rádio com destino à Rua 14 de Julho pela Avenida Afonso Pena.
Os manifestantes subirão a Rua 14 de julho e entrarão na Rua Antônio Maria Coelho, em direção à Rua 13 de Maio. O grupo percorrerá a Rua 13 de Maio até chegar à Avenida Afonso Pena, por onde retornarão à Praça do Rádio.

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