Além de abrigar centenas de animais silvestres, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul também é lar de gatos domésticos vítimas do abandono. Apesar de os acadêmicos adorarem e cuidarem dos felinos, a população desses animais aumentou consideravelmente no campus de Campo Grande (MS) nos últimos meses, levando a um problema de saúde pública que, sozinha, a UFMS não consegue resolver.
O assunto ganhou holofotes com a repercussão da história do cão Silveira, da Universidade Federal de Santa Maria, viral na internet esta semana. Eleito como “reitor de assuntos animalescos”, o cachorro acendeu o alerta para o abandono de animais na instituição de ensino superior no Rio Grande do Sul, mas a atenção se estendeu a outros campus de universidades brasileiras que enfrentam o mesmo impasse.
Hoje, estima-se que ao menos 150 gatos vivam nas dependências da UFMS de Campo Grande. Boa parte deles já é castrada, mas a aparição cada vez mais recorrente de novos exemplares abandonados tem feito a instituição perder o controle populacional da espécie.
Para proteger os gatinhos que usam a universidade como morada, o Grupo de Proteção Felina UFMS atua há mais de 10 anos alimentando e castrando os bichos. No entanto, uma nova política adotada este ano pelo Centro de Controle de Zoonoses limitou o número de castrações gratuitas para a faculdade. Com isso, os novos gatos que chegam ao local têm se reproduzido com mais facilidade, resultando na superpopulação.
“Avalanche de abandono” fez população de gatos virar problema de saúde pública, segundo coordenadora
Ao Jornal Midiamax, a coordenadora do Grupo de Proteção Felina relata que o abandono de animais é o principal problema a ser combatido pelo projeto na UFMS. “É importante ressaltar que abandonar animais é crime de maus-tratos. A universidade tem câmeras espalhadas pelo campus, que nos ajudam a identificar os responsáveis e denunciá-los”, salienta Tais Fenelon, que também é docente do curso de Jornalismo.
“Os gatos castrados levam marcação de orelha esquerda, de suma importância para identificá-los. Aliás, quase todos já haviam sido castrados, mas este ano começou uma avalanche de abandono, e a gente não tá dando conta, tem muito. É um problema de saúde pública, não é um problema da UFMS”, afirma.
Conforme a coordenadora do projeto, a única solução para combater o aumento da população desses felinos no ambiente educacional é a castração. Porém, faltam políticas públicas que ajudem o campus a resolver a questão.
“Enquanto não se investir em política pública ao bem-estar animal, vamos enxugar gelo, que é o que fazemos aqui. Este ano, o CCZ limitou a 1 animal por mês, mas o número não atende e acabamos tendo que pagar do próprio bolso para castrar, ou então doamos sem fazer a castração. Se não fossem as adoções, estávamos fritos”, lamenta.
Cachorros matam gatos na UFMS
Em relação à presença de animais domésticos, Tais revela que apenas gatos moram na UFMS. “Cachorros não ficam aqui. Eles entram no campus, ficam perdidos, atacam e até matam os gatos. Ano passado, teve muito ataque”, pontua, expondo o conflito de espécies no local.
Animais são adorados por alunos
Apesar das intempéries, não só a equipe do Grupo de Proteção Felina, mas os acadêmicos, de modo geral, ajudam na manutenção dos animais que vivem na universidade. Com amor e cuidado, alguns são até batizados e se tornam o chamego de muita gente. “Tem a Rainha do Morenão, que é uma preta peluda, o Bartô, que é o mais famoso… cada ponto tem um xodó”, conta ela.
Veja mais alguns queridinhos:
Problema em Campo Grande
Vale lembrar que, no coração de Campo Grande, no meio da avenida Afonso Pena, a situação de abandono se repete. Compadecida da situação, uma voluntária tem alimentado gatos que se concentram no antigo prédio do Incra, desativado há anos na Capital, próximo ao cruzamento da avenida com a rua Rui Barbosa. Com cartazes chamativos na fachada pedindo ajuda aos animais, o local virou uma espécie de abrigo informal para os felinos.
À reportagem, a responsável pela boa ação diz que não tem mais “dado conta” de fazer a manutenção dos bichos sozinha e, sempre que pode, tira do próprio bolso para castrá-los.
O que fazer ao encontrar animais em situação de abandono em Campo Grande?
Em Campo Grande, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) é responsável por fazer o recolhimento de animais que estejam soltos, doentes ou que apresentem comportamento agressivo — nesses casos, eles são considerados um risco à população. A equipe de médicos-veterinários avalia o animal recolhido, administra medicação contra verminoses e outros parasitas, para, depois, colocá-lo para adoção.
No caso de animais portadores de doenças e/ou ferimentos considerados graves, e/ou clinicamente comprometidos, caberá ao médico-veterinário do órgão municipal responsável pelo controle de zoonoses, após avaliação e emissão de parecer técnico, decidir seu destino.
Caso se depare com um animal nessas condições, para que o recolhimento seja realizado, o contato é (67) 3313-5000 ou (67) 3313-5001.
Ferramenta on-line do Governo do Estado também ajuda em casos de denúncias de maus-tratos ou abandono. A população pode recorrer diretamente à plataforma on-line da Devir (Delegacia Virtual), acessando http://devir.pc.ms.gov.br/. O sigilo do denunciante é garantido, e a ferramenta possibilita o acompanhamento do caso.
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