O problema crônico do uso de drogas é mais um ingrediente da receita do abandono nos arredores da antiga rodoviária de Campo Grande. O local segue em obras de revitalização para abrigar secretarias municipais, serviços públicos e lojas. A renovação continua sendo a esperança de moradores e comerciantes que têm a rotina assolada pelo acúmulo de sujeira, movimentação de usuários de drogas e insegurança.

Um comerciante, de 45 anos, indica que a saída da base móvel da GCM (Guarda Civil Metropolitana) fez com que grupos de usuários circulassem com mais frequência na região. Na Rua Joaquim Nabuco, um grupo com mais de 10 pessoas utilizava entorpecente na calçada, na manhã desta quarta-feira.

“Antes, eles [agentes] revistavam e, 30 minutos depois, eles [usuários] voltavam. Era uma situação que não resolvia porque é um problema de saúde pública, mas agora a presença de usuários de droga está maior”.

Sujeira ao redor do prédio (Alicce Rodrigues, Midiamax)

O empresário conta os dias para a entrega do espaço revitalizado, não apenas visando o faturamento, mas o aumento de segurança, já que as secretarias municipais devem ocupar as salas.

“Nossa expectativa é essa reforma. Recentemente investi dinheiro na minha loja. Tem comerciante aqui que luta e batalha na região, não desistiu daqui, mas se três ou quatro saírem aqui vira uma ‘cracolândia’, hoje ainda não é, ao contrário do que dizem. De uns tempos para cá parece que o trabalho na obra ficou mais intenso, antes parecida que só tinha uma pessoa trabalhando”.

Aos arredores dos tapumes da obra e calçadas próximas, há acúmulo de lixo, como garrafas de pinga, marmitas e roupas. Outra comerciante, de 42 anos, trabalha na rodoviária há 16 anos. Ela conta que nesse tempo pensou em desistir e abandonar a sonhada loja diante dos problemas enfrentados pela insegurança.

“A convivência é bem ruim, as pessoas sentam na frente, se aproximam para pedir alguma coisa, é uma situação bem chata. Nós enfrentamos muita coisa, às vezes, eles [usuários] estão alterados e agressivos. A noite ficam sondando os imóveis para roubar. Fora a sujeira que é muita”, lamenta.

(Alicce Rodrigues, Midiamax)

O que diz a Prefeitura

A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou que a obra no terminal Heitor Laburu está na fase final de construção das estruturas e está sendo feita a instalação da estrutura metálica da fachada. A próxima etapa será a execução da parte de alvenaria e instalações elétricas e hidráulicas. 

Quanto à limpeza, a prefeitura diz que a Solurb faz regularmente a limpeza e varrição e a equipe da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos realiza periodicamente o recolhimento dos resíduos decorrentes do descarte irregular.