O grupo de pessoas retirado de uma ocupação no Jardim Tijuca, em Campo Grande, retornou para o local na manhã desta terça-feira (14), um dia após ser desalojado, por uma equipe da GCM (Guarda Civil Metropolitana), por não ter autorização para ocupar a área que pertence à Prefeitura. Durante a desocupação, houve uso de spray de pimenta e três pessoas foram conduzidas para prestarem esclarecimentos a respeito da situação.

A maioria das famílias que ocuparam a área vive em um prédio conhecido como Carandiru, localizado no bairro São Jorge da Lagoa, onde há uma determinação para que os ocupantes deixem o local. Assim, a ação judicial chegou para os moradores na última sexta-feira (10). No sábado (12), eles se reuniram para ocupar a área no Jardim Tijuca.

Na segunda-feira, então, equipes da GCM da Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) estiveram no local e o grupo, então, foi desalojado. Os barracos montados no terreno da Prefeitura foram desmanchados. No entanto, os ocupantes prometem reerguer o acampamento, mesmo sem autorização do Município.

“A gente entende a preocupação da Prefeitura, mas não temos para onde ir. Se não querem que vire favela, que nos deixem construir. Se permitirem a gente corre atrás. O que não podemos é ficar numa fila de espera que já estamos há anos, sem nenhum retorno. Temos um prazo para deixar nossas casa e não temos para onde ir com nossa família”, justifica.

Desocupação

Ontem, o diretor presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), Claudio Marques, afirmou que não vai aceitar novas ocupações em Campo Grande

“Estamos tentando manter a área a buscando a ordem. Nas ocupações consolidadas, nós buscamos a regularização, mas tentativa de ocupação, não será aceita. Não vai ter invasão. Isso desorganiza todo o processo de habitação social”, afirmou.

Ele também disse que as famílias retiradas do local devem retornar para o prédio que ocupam e esperar pelo processo de regularização. Porém, não há previsão para que a questão seja solucionada.

No local, há uma casa onde mora a faxineira Maria Gomes da Silva. À equipe do Jornal Midiamax, ela contou que a família recebeu o terreno da Prefeitura há cerca de 40 anos, quando se mudou para o local.

O diretor-presidente da Emha explicou que se trata de uma área pública e que a moradora tem permissão de uso. Assim, não deve ser retirada de lá antes que haja uma análise da Comissão de assuntos Fundiários para definir se ela permanecerá, ou se será destinada a uma nova moradia.

Uso de spray de pimenta durante desocupação

Famílias que estavam na área disseram à equipe do Jornal Midiamax que foram retiradas do local sob uso de força. Até mesmo, acusaram a equipe da Guarda Civil Metropolitana de disparar spray de pimenta contra eles durante a desocupação.

Equipe da Guarda Civil Metropolitana, que estava no local, negou ter usado força, ou qualquer material químico. Entretanto, um vídeo gravado, pelas pessoas que estavam no local, mostra o momento em que um dos agentes lança o spray de pimenta na direção deles.

Durante a desocupação, três pessoas foram detidas. Dois homens foram encaminhados diretamente para a 6ª Delegacia de Polícia. Já a mulher disse que está grávida e que não estava se sentindo bem, por isso seguiu para avaliação médica em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Assim, após receber o atendimento, ela deveria ser direcionada para a delegacia.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax solicitou por email posicionamento oficial sobre o uso do spray de pimenta, mas até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. O espaço permanece aberto para manifestações.