Três dias após o início das entregas dos contratos das novas casas à comunidade que sofreu com o incêndio que destruiu os barracos do Mandela, região norte de Campo Grande, a Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) já começou a receber denúncias de vendas dos imóveis, cujas chave ainda nem foram entregues.

Segundo o diretor da agência, Claudio Marques, uma denúncia anônima chegou através das redes sociais afirmando sobre dois casos em que pessoas que receberam os contratos na quarta-feira (5) estariam já negociando os imóveis por R$ 10 mil.

“Não podemos escutar e tomar como verdade, vamos apurar e se for constatado a pessoa será excluída do programa habitacional. Se for comprovado a venda, perdem as duas pessoas, a beneficiada e a que comprou”, explicou.

Nesse caso, a casa é resgatada e destinada a outra família que precisa. “Eles nem receberam a chave, então a venda é totalmente irregular”, afirmou, relembrando que o caso vai ser apurado mais a fundo.

“Sabemos de fato quem está empenhado, levamos em consideração tudo isso, fazemos análise e depois existe uma decisão, mas não dá para generalizar. Tem muitas famílias que querem casas. São pessoas que estão dentro da política habitacional, não tem como adivinhar que ela vai fazer isso”, lamentou.

(Thalya Godoy, Midiamax)

Terceira entrega de contratos

Ao todo, foram entregues 111 contratos esta semana, das 182 casas que deverão ser entregues até dezembro deste ano.

Moradora do Mandela há 8 anos, a assistente de educação infantil, Franciele Gabrieli, 28 anos, está animada com a nova casa. Ela mora com os três filhos de 5, 8 e 11 anos. O barraco deles não chegou a ser consumido pelo fogo e então continuam no local. 

Ela lembrou de como o dia do incêndio foi um dia triste, mas agradeceu o apoio que tiveram do Exército, Corpo de Bombeiros e Prefeitura.

Franciele representou a comunidade na entrega desta sexta-feira (7) que aconteceu no Loteamento Iguatemi I, e recebeu o contrato simbólico. 

“Estou muito feliz, porque meus filhos já amaram, já entraram na casa, já se sentiram em casa. Então isso é o mais importante. Dar um conforto melhor para eles, porque não é onde você está, mas onde você quer chegar”, afirmou.

Já Regiane Rodrigues, de 29 anos, mora com o marido e continua no local, já que o barraco dela não foi atingido. Lembrou ainda que com o frio que tem feito a situação continua difícil no barraco.

Sobre o contrato da casa nova, ela explica que gostou da ideia, mas que poderia ser melhor. “A sensação é boa, só que poderia ser melhor, porque fui uma das pessoas que tirou só uma peça. A casa não tem quarto, nada. É só uma peça que vai ser quarto, cozinha, sala, uma peça só”, reclamou.

Segundo apurado, famílias menores, sem filhos, ficaram com casas de uma peça, para agilizar as obras.

A prefeita Adriane Lopes esteve no evento e lembrou que o incêndio de grande proporção foi uma surpresa para todos, mas que toda a cidade foi solidária com a comunidade.

“Antigamente para tomada de decisão de construção de casas, as famílias eram jogadas nos extremos da cidade, não tinha água e esgoto, mas nós tivemos cuidado de escolher uma região da cidade que tem asfalto, infraestrutura e escola”, explicou. 

Ainda segundo a prefeita, o Cras do bairro Vida Nova, por exemplo, oferece capacitação para quem tiver interesse, inclusive à noite.

Ainda sobre as casas, Adriane disse que os próprios moradores podem monitorar as obras. “Vocês podem entrar nas casas, fiscalizar as obras, entender como está sendo feito em tempo de record, mas com qualidade”, afirmou.