Tecnologia pede qualificação e mão de obra no campo ganha ‘cara nova’ em Mato Grosso do Sul

Novas tecnologias são inseridas nas mais diversas etapas da produção agropecuária, o que requer mão de obra qualificada

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Dia do Trabalhador Rural é comemorado em 25 de maio (Foto: Freepik)

Por mais que simbolize o trabalho no campo, enxada é coisa do passado, pelo menos em boa parte das lavouras de Mato Grosso do Sul. Isso porque a modernização do campo, impulsionada pela inserção de novas tecnologias, tem transformado o perfil da mão de obra rural.

Ao que tudo indica, na próxima década, profissões antes desconhecidas na área, como, por exemplo, Técnico em Agricultura Digital e Cientista de Dados Agrícola, deverão ganhar destaque, gerando oportunidades e desafios para a qualificação profissional. 

A necessidade de atualização constante se torna evidente diante da preocupação por um ‘apagão de mão de obra’ ocasionado por fatores como urbanização acelerada e condições de trabalho no campo. Essa realidade exige uma resposta educacional que prepare os trabalhadores para as demandas tecnológicas emergentes. 

Neste sentido, o Dia do Trabalhador Rural, comemorado neste 25 de maio, serve como um lembrete da importância desses profissionais para a economia e sustento da população, e da necessidade de valorizar e investir em sua formação e qualificação profissional.

Qualificação de cidade, residência no campo

Para o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho, há espaço para jovens profissionais de diversas áreas no campo, desde que tenham comprometimento e também que possam residir no campo.

“Existe uma demanda tecnológica na agricultura, primeiramente com maquinários, mas também na pecuária, em diversas questões, então seja o agricultor ou pecuarista, tem dificuldade em encontrar mão de obra qualificada, e por isso é tão importante os centros de formação, como o Senar, Sebrae, Senai, Instituto Federal, são várias instituições, mas mesmo assim existe dificuldade em encontrar esse profissional”, afirmou o presidente.

De acordo com informações fornecidas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a quantidade de pessoas empregadas no agronegócio brasileiro atingiu um novo marco histórico, totalizando 28,34 milhões. Isso representa 26,8% do total de empregos no Brasil, conforme dados iniciados em 2012.

Dentro do panorama do agronegócio, os agrosserviços se destacam, registrando um crescimento de 8,4%, equivalente a 772,27 mil novos postos de trabalho. Esse aumento reflete o desempenho global do agronegócio, atuando como o elo entre a produção agropecuária, agroindustrial e o consumidor final.

Por outro lado, houve uma diminuição no número de trabalhadores na agropecuária, enquanto as agroindústrias mantiveram uma estabilidade relativa. No segmento primário, que vem apresentando uma tendência de declínio desde 2013, a redução foi de 5,0%, equivalente a 432,99 mil pessoas, devido à queda tanto na agricultura quanto na pecuária.

Crescimento na escolaridade de quem trabalha no campo

Em termos de escolaridade, observou-se um aumento no número de trabalhadores com ensino médio e superior, tanto completo quanto incompleto. Desde 2012, tem havido um crescimento consistente na escolaridade média dos trabalhadores do agronegócio. O número de trabalhadores com ensino médio, completo e incompleto, aumentou em 455,73 mil pessoas (+4,4%), enquanto aqueles com ensino superior, completo e incompleto, cresceram em 7,5%, ou seja, 304,45 mil pessoas. Por outro lado, houve uma queda de 0,7% (ou 12,89 mil pessoas) entre os trabalhadores sem instrução e uma retração de 3,5% (ou 405,81 mil pessoas) entre aqueles com ensino fundamental, completo e incompleto.

Esses dados evidenciam a crescente exigência de qualificação educacional, mesmo no contexto rural, devido aos avanços tecnológicos do setor e à demanda por profissionais capazes de acompanhar tais avanços.

Oferta de cursos técnicos

No Senar-MS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) são ofertados cinco cursos técnicos semipresenciais (Zootecnia, Florestas, Agronegócio, Fruticultura e Agricultura). Nestes, são 917 alunos distribuídos em 12 polos no Estado.

De forma presencial, o Senar oferece dois cursos técnicos (Agropecuária e Florestas), com 229 alunos em Campo Grande e Três Lagoas.

No Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, a oferta de cursos técnicos de nível médio e superior em áreas relacionadas ao trabalho no campo também é ampla, com cursos nos municípios de Coxim, Naviraí, Nova Andradina e Ponta Porã. 

Em cursos técnicos integrados ao ensino médio e subsequente ao ensino médio, a oferta abrange cursos de agricultura, agropecuária e aquicultura.

Na formação de nível superior, há oferta de cursos de bacharelado em Agronomia e de Engenharia de Pesca; e tecnologias em Agronegócio e Produção de Grãos.

Conteúdos relacionados