O uso de bicicletas sempre foi, desde sua criação, um importante modal de transporte no cotidiano das pessoas. A praticidade aliada ao seu baixo custo popularizou-a. Seus benefícios, que por muito tempo passaram despercebidos, começaram a ter destaque em estudos e opinião pública.

Em Mato Grosso do Sul, estado onde existem mais de 700 mil bicicletas, segundo pesquisa realizada pelo Jornal de Mobilidade Urbana Sustentável, há muitos exemplos de pessoas que usam a bicicleta como forma de transporte, de lazer e esporte. Poucos deles, porém, a incorporaram em suas vidas pessoal e profissional como o professor Decorozo Ortiz Neto, 59 anos.

Conhecido como “Deco”, o professor de educação física utiliza a bicicleta como meio de transporte, como forma de atividade física e, ainda, insere a modalidade na realidade de seus alunos. “Para mim, a bicicleta representa o meio de transporte, que dá qualidade de vida, e também como forma de realizar atividade física”, afirmou.

Mesmo próximo da aposentadoria, aos 59 anos, quem observa os arredores da Escola Municipal Nagem Jorge Saad, no bairro Tijuca, às terças e quintas-feiras, pode ver o professor indo trabalhar com sua ‘bike’. Segundo ele, sua rotina contribui ainda com a questão da sustentabilidade. 

“Utilizar a bicicleta como meio de transporte é também questão de sustentabilidade, pois ao não me deslocar de automóvel, podemos contribuir com a redução na emissão de monóxido de carbono na atmosfera”, destacou.

Nos últimos anos, o uso de bicicletas tem ganhado destaque como uma alternativa viável e sustentável aos veículos poluentes nas cidades. Além de contribuir para a redução da emissão de gases de efeito estufa e melhorar a qualidade do ar, andar de bicicleta também traz benefícios significativos para a saúde.

Todos os seus benefícios e conquistas são evidenciados no Dia Mundial da Bicicleta, comemorado em 3 de junho.

Professor Deco e Escola Nagem organizam atividade ciclística com estudantes (Foto: Arquivo pessoal)

Grupos de ‘pedal’

Cada vez mais populares, os grupos de ‘pedal’ vêm ganhando adeptos e aumentando o leque de opções para quem utiliza a bicicleta como forma de lazer ou esporte. Antes, as opções eram o ciclismo em suas diversas modalidades: corridas, mountain bike, bicicross e outras.

Quem adere aos grupos, dificilmente deixa de praticar o esporte. É o que afirma Dori, de 42 anos, praticante desde 2017. Ela conta que pedala em parceria com o marido, tendo iniciado com pedais urbanos e depois se aventurado em trilhas de mountain bike.

“Comecei após passar por um período emocional bem difícil, devido a perda do meu pai. Nos pedais em grupo conhecemos pessoas incríveis que se tornam amigos. A verdade é que a bike nos apresenta um universo de possibilidades, lindos roteiros, muita natureza, momentos de pura diversão e energia”, conta a ciclista.

Grupo de Dori em um de seus ‘pedais’ em uma área rural (Foto: Arquivo Pessoal)

A questão do sedentarismo

Assim, andar de bicicleta não só é uma forma sustentável de se locomover, mas também uma excelente maneira de incorporar atividade física à rotina diária. A pedalada é um exercício aeróbico que fortalece músculos, melhora o condicionamento cardiovascular e ajuda na perda de peso. Além disso, é uma atividade de baixo impacto, o que a torna acessível para pessoas de diferentes idades e níveis de condicionamento físico.

Com o aumento dos problemas relacionados ao sedentarismo e ao estilo de vida pouco ativo, incorporar a pedalada à rotina diária não apenas reduz os riscos de doenças crônicas, como diabetes e doenças cardíacas, mas também melhora o bem-estar mental, diminuindo o estresse e a ansiedade.

A bicicleta e a socialização

Além dos benefícios individuais, andar de bicicleta também oferece oportunidades únicas de socialização e construção de comunidade. Grupos de pedal, cada vez mais comuns em diversas cidades, reúnem pessoas com interesses em comum em torno do ciclismo. Esses grupos promovem passeios em grupo, eventos e atividades relacionadas à bicicleta, criando um senso de pertencimento e camaradagem entre os participantes.

Para Dori, andar de bicicleta em grupo faz bem para o corpo e para a mente. “Depois dos pedais sempre rolam as resenhas, muitos assuntos, fotos e planos para o próximo roteiro. Temos uma máxima: ninguém é triste pedalando!”, afirmou entusiasmada.

Esta socialização durante os passeios de bicicleta não apenas torna a atividade mais divertida, mas também promove a troca de experiências, conhecimentos e dicas sobre ciclismo. Além disso, fortalece os laços comunitários e contribui para uma cultura mais positiva em relação ao uso da bicicleta como meio de transporte.

Todos estes benefícios ressaltam o quanto se há para comemorar neste Dia Mundial da Bicicleta, e como se mostra necessário que políticas públicas sejam pensadas incorporando-a na realidade dos centros urbanos, no que tange à mobilidade urbana, segurança viária, sustentabilidade, esporte, lazer e tantos outros temas que perpassam esse importante meio de locomoção.