Campo Grande tem quatro pontos críticos para a ocorrência de inundações, conforme aponta relatório de 2019 do Ministério de Minas e Energia, além de regiões com falta de drenagem pluvial e casas construídas abaixo do nível da rua. A discussão ganha holofotes diante da tragédia climática enfrentada no Rio Grande do Sul.

Documento afirma que Campo Grande possui uma topografia favorável a processos de inundação, devido à baixa declividade e a grande quantidade de córregos que cortam a área urbana da cidade. Dessa forma, o relatório alerta para regiões críticas e norteia em casos de enchentes.

Importante destacar que o que acontece no Rio Grande do Sul é um cenário muito atípico para a realidade de Mato Grosso do Sul, como explica o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima). Por lá, cidades chegaram a registrar 800 milímetros de chuva nos últimos dias.

Em 2013, Campo Grande tinha quatro pontos com grau de risco alto para inundações e um para voçoroca. Este último, localizado no bairro Parque Novo Século passou por recuperação e estava estável em 2019. Porém, os quatro pontos críticos para alagamentos seguem com problemas estruturais e são bem conhecidos da população.

Pontos críticos para inundações em Campo Grande

Quem conhece e acompanha dias de chuva forte em Campo Grande, vai conseguir identificar facilmente os locais indicados pelo relatório do Ministério de Minas e Energia. Um deles é a Avenida Ernesto Geisel com a Avenida Euler de Azevedo, no bairro São Francisco.

O relatório cita que em fevereiro de 2019 houve uma inundação no local e uma pessoa precisou ser resgatada pelo Corpo de Bombeiros, após seu veículo ser atingido pelas águas do Córrego Prosa. Mas as inundações ali são comuns, conforme reportagem do Jornal Midiamax, de 4 de janeiro de 2023.

O Ministério também aponta a Avenida Capibaribe, como ponto crítico para inundações, em Campo Grade e cita que a tubulação de transposição das águas do Córrego Imbirussú não comporta o volume d’água durante temporais e acúmulo de lixo no local. Ali, o documento recomenda implantação de sistema de drenagem adequado.

Terceiro ponto do relatório é a Avenida Rádio Maia, na Vila Popular, onde casas foram construídas em área mais baixa e plana e o nível d’água já chegou próximo a 1 metro de altura. O outro ponto é na Rua Elenir Amaral, no bairro Zé Pereira, onde as casas também foram construídas em nível baixo e há problemas na rede de captação de esgoto, devido a ligações clandestinas.

De acordo com a prefeitura de Campo Grande, na Avenida José Barbosa Rodrigues, na no bairro Zé Pereira, foi feita a limpeza do canal do córrego Imbirussu, acabando com o alagamento da via que ocorria sempre em dias de muita chuva, por causa do assoreamento que deixou o leito praticamente no mesmo nível da avenida, e com isso havia o transbordamento. A Avenida José Barbosa Rodrigues liga a Avenida Euler de Azevedo a Avenida Duque de Caxias, na região da Vila Popular.

Regiões com risco baixo ou médio de inundações

Ainda de acordo com o documento do Ministério de Minas e Energia, há outros pontos com risco de alagamentos e que devem ser monitorados. Entre eles, os bairros Santo Antônio, Jardim Imá e Coophatrabalho, em Campo Grande.

Relatório também cita as avenidas Presidente Ernesto Geisel e Nelly Martins, onde os córregos Cascudo e Prosa, respectivamente, extravasam do canal e inundam as vias marginais. Nos locais citados, a tubulação de drenagem é insuficiente para a demanda.

Em nota ao Jornal Midiamax, a prefeitura afirma que tem realizado manutenções em regiões críticas e cita a realização de obras como as bacias de amortecimento do córrego Reveilleau, na Avenida Mato Grosso com a Avenida Hiroshima, que serviu para acabar com os alagamentos na Via Park, região do Shopping Campo Grande.

A bacia é a primeira construída pelo sistema gabião, que tem maior durabilidade, e tem capacidade para reter até 40 mil metros cúbicos de água. Também foram feitas a limpeza dos canais do córrego Prosa, próximo ao Shopping, e do córrego Imbirussu, no trecho no bairro Zé Pereira garantindo assim que a água da chuva corra normalmente, sem risco de transbordamento. O córrego fica no meio das pistas da Avenida José Barbosa Rodrigues e, por causa do assoreamento, sempre que chovia ocorria o transbordamento e água da chuva invadia a avenida. Com a obra, o problema foi solucionado.

Na Rua Catiguá, foi executada obra emergencial durante a última chuva forte, para evitar o alagamento próximo à ponte sobre o córrego Bálsamo. Foi feita a limpeza do canal que escoa a água da chuva não absorvida pelo sistema de drenagem e feita a limpeza das bocas de lobo da Catiguá e das ruas próximas. Além disso, a Sisep mantém equipes diariamente fazendo a limpeza e reparos nas bocas de lobo e poço de visita (PV), conhecidos também como bueiros.

Na Rua Rivaldi Albert, no Jardim Morenão, a Prefeitura atuou para terminar o reparo na ponte danificada durante chuva em julho do ano passado. Foi feita a reestruturação e reforço da tubulação Armco. A via é uma importante ligação dos moradores dos bairros Pioneiro e Jardim Morenão à Avenida Guaicurus. Foram colocadas também duas manilhas de 1,5 metro, para a passagem da água de um lado para outro da pista.