Mulheres são maioria quando o assunto é escolaridade. Dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2022, apontam que, entre as pessoas que têm ensino superior no país, 21,3% são mulheres e 16,8% são homens.

No entanto, até conseguirem chegar à universidade, permanecerem estudando e concluírem o ensino superior, vários desafios são enfrentados por elas, principalmente entre mães e gestantes.

Os entraves começam ainda na adolescência, quando a necessidade de trabalhar e a gravidez muitas vezes entram em cena, sendo atualmente as principais razões do abandono escolar feminino. Diante dessa realidade, políticas de apoio e incentivo à permanência de mães no ensino superior se mostram uma necessidade.

Presença feminina

Levantamento do IBGE de 2023 aponta que, entre as jovens de 14 a 29 anos que abandonaram os estudos, o principal motivo foi a necessidade de trabalhar (25,5%). Em segundo lugar, gravidez (23,1%).

Além disso, para 9,5% das mulheres, os afazeres domésticos ou o cuidado de pessoas foram o principal motivo para terem abandonado ou nunca frequentado escola, enquanto entre homens, este percentual foi inexpressivo: apenas 0,8%.

Para fortalecer a presença feminina na universidade e trabalhar a permanência dessas mulheres no ambiente acadêmico, universidades criam programas para mulheres, gestantes e mães. 

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), conforme a pró-reitora da Proppi (Pesquisa, Pós-graduação e Inovação), Amanda Danaga, uma das medidas é um programa que incentiva o envolvimento de mulheres e meninas na ciência desde 2021. 

“Em 2022, a Proppi decidiu incluir no seu programa de iniciação científica itens específicos para meninas e mulheres na ciência, do mesmo modo, a divisão de pós-graduação também realizou políticas para alunas mães no mestrado e no doutorado com prazos diferenciados, por exemplo. São ações pontuais importantes, mas entendemos que ainda podemos desenvolver mais nesse sentido”, analisa a pró-reitora.

“Além de incentivo de bolsa de pós-graduação e graduação para alunas mães, nós pensamos em mudanças de infraestrutura que possam auxiliar essas mulheres no ensino superior. Então, por exemplo, construção de brinquedotecas”, completa a professora Amanda. 

Em um levantamento interno realizado no ano passado, a universidade identificou que, dentro do quadro de docentes efetivos, 47,7% são mulheres entre os 550 registrados. São 288 homens e 262 mulheres. 

Ilustrativa – mãe estudando. (Banco de imagens Freepik)

Entre os docentes em funções de coordenação, seja na coordenação adjunta, coordenação de graduação, pós-graduação ou centros de pesquisa, são 152 profissionais no total. Desse número, 73 são mulheres. Em relação à pós-graduação, dos 230 docentes, 128 são homens e 102 são mulheres.

Para ela, esses dados apontam a importância da presença feminina no ambiente acadêmico, e o fortalecimento das polícias de incentivo a esse público. 

Universidade Federal da Grande Dourados

Na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), a assistência estudantil conta com a ajuda de um parecer emitido pela equipe de Serviço Social, que realiza avaliação socioeconômica dos estudantes em vulnerabilidade social.

Essa avaliação é um instrumento para que auxílios e benefícios sejam destinados aos alunos, incluindo mães estudantes. “Ou seja, mulheres gestantes e/ou com filhos, podem acessar programas específicos”, explica a universidade.

Nesse sentido, a instituição dispõe de três programas específicos voltados a estudantes gestantes ou com filhos.

Brinquedoteca UFGD – Mitã Rory

É um espaço de convivência e de desenvolvimento de atividades lúdicas infantis, atendendo crianças de 4 a 10 anos, prioritariamente, filhos de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. 

Enquanto os pais, mães ou responsáveis dessas crianças frequentam as aulas presenciais, o espaço pode ser usado pelas crianças. Podem se beneficiar estudantes cadastrados com Perfil na Proae (Pró-reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis) da UFGD.

Centro de Educação Infantil 

Já o CEI (Centro de Educação Infantil) é resultado do Acordo de Cooperação Técnica entre a UFGD e a Prefeitura de Dourados para atender crianças com idade entre 4 meses e 5 anos e 11 meses. 

A universidade cede o espaço e arca com as despesas do local, enquanto a prefeitura disponibiliza recursos humanos, como professores, auxiliares e estagiários, coordenadores, secretárias, cozinheiros, merendeiros, zelador, entre outros profissionais, assim como material pedagógico para o atendimento no espaço.

Auxílio-educação infantil

Ilustrativa (Banco de imagens Freepik).

Além disso, a universidade ainda tem o auxílio-educação infantil, um benefício que dá ajuda financeira aos estudantes que tenham a guarda ou tutela, ou sejam responsáveis legais de algum menor na faixa etária de zero a 5 anos e 11 meses, desde que a criança resida com o estudante e não seja beneficiário de vaga em creches da rede pública. O auxílio é concedido no valor de R$ 300 por mês.

Instituto Federal de Mato Grosso do Sul

Sendo a instituição pública de ensino superior mais jovem do Estado, no IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), estudantes gestantes ou com filhos matriculados nos 10 campi do instituto têm acesso à Política de Assistência Estudantil, que contempla dimensões socioeconômica e de ensino, pesquisa e extensão, e o programa de assistência estudantil.

Auxílios disponíveis 

De acordo com o IFMS, essas ações “visam contribuir para a permanência, prevenção à evasão e o êxito acadêmico.” A instituição oferece um total de 6 auxílios voltados a estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio.

São os auxílios: Permanência, Transporte, Alimentação, Moradia, Indígena e Quilombola, e Eventual, conforme especificidade de cada campus. 

Ainda é realizado atendimento técnico pela assistente social do campus, que consiste na escuta e identificação de demandas do estudante, podendo efetuar intervenções com o intuito de viabilizar o acesso aos direitos. “Quando necessário, é realizada a articulação e o encaminhamento para rede de atendimento de políticas públicas do município e/ou estado”, pontua a instituição. 

Atendimento multidisciplinar

Na parte do ensino, os estudantes podem participar de programas, ações e projetos que oferecem acompanhamento de diferentes profissionais que fazem parte dos núcleos de atendimento do IFMS, em áreas como assistência social, enfermagem, pedagogia e psicologia. 

“Por meio dessa equipe multidisciplinar, estudantes e seus familiares recebem atendimento pedagógico, com acompanhamento dos processos de ensino e aprendizagem do estudante, com intervenção quando necessário; psicológico, com o intuito de promover o bem-estar biopsicossocial dos estudantes e a preservação da saúde mental; social, por meio do trabalho realizado para diagnosticar e acompanhar o estudante e seus familiares nas questões sociais que interferem no processo de ensino e aprendizagem; e de saúde, por meio de ações coletivas para a prevenção de problemas que possam interferir no processo de ensino e aprendizagem”, detalha o IFMS.