Em fevereiro de 2020, pouco antes da se tornar uma pandemia global, o Banco Central do Brasil anunciou um novo sistema de pagamento instantâneo. O Pix só ficou disponível para a população em novembro daquele ano, mas se resumia a uma explicação complexa em meio ao cenário caótico que se desdobrava no mundo.

Porém, o crescimento do Pix na vida da população foi rápido e vertiginoso. O isolamento social, o aumento das vendas on-line e a mudança na relação da sociedade com a internet, podem explicar como o Pix se tornou o que é hoje. Apenas quatro anos separam a vida com na mão e transferências bancárias para 4,8 milhões de transações Pix no Brasil, em dezembro de 2023.

Esta é a primeira de uma série de 5 reportagens especiais elaboradas pelo núcleo de Cotidiano do Jornal Midiamax, em alusão aos quatro anos de criação do Pix – o sistema que revolucionou como o brasileiro mexe com dinheiro. Ao longo dos próximos dias, o leitor poderá ler, conferir e refletir os impactos do sistema de pagamentos.

Mesmo desenhado, cenário era de receio e conspirações sobre o Pix

Em novembro de 2020, o doutor em economia Mateus Abrita falou com o Jornal Midiamax sobre o Pix. Na época, explicou como iria funcionar o método de pagamento instantâneo, mas apesar da linguagem clara e objetiva, ainda era difícil para a população entender como funcionaria.

“Eu me lembro da entrevista e muita gente com receio, várias teorias da conspiração sobre o Pix. Mas, passados 4 anos, pegou no gosto do brasileiro, é um meio de pagamento muito utilizado, sobretudo entre as camadas mais populares, principalmente porque facilita a vida e com custo muito baixo”, afirma o economista, quatro anos depois.

Com um sistema simples, intuitivo e na palma da mão, em pouco tempo a população se habituou. O método de pagamento agradou principalmente os prestadores de serviço, que deixaram as maquininhas de cartão de lado na hora de receber. Resultado, economia com taxas e mais dinheiro no bolso.

Adesão ao Pix não para de crescer

Dados do Banco Central mostram que a adesão ao Pix não para de crescer em todo o Brasil. De janeiro de 2022 a dezembro de 2023, a quantidade de transações Pix cresceu mês a mês. No começo de 2022, foram realizadas 1,2 bilhão de transações, número que quadruplicou, chegando a 4,8 bilhões no fim do ano passado.

Os valores transferidos via Pix também crescem a cada mês. Passando de R$ 636 bilhões em janeiro de 2022 para R$ 1,9 trilhão em dezembro de 2023. Os dados são de todo o país, mas em não é diferente.

No primeiro mês do Pix em operação, usuários de Mato Grosso do Sul movimentaram R$ 321 milhões em 328 mil operações. No mês seguinte, em dezembro de 2020, o número saltou para R$ 1,3 bilhão transferido em 1,5 milhão de operações.

Para se ter ideia do tanto que o Pix movimenta em Mato Grosso do Sul. Conforme o Banco Central, em dezembro de 2023 foram realizadas 58,2 milhões de transações Pix no Estado, que somaram R$ 21,5 bilhões.

Pix decretou o fim do DOC e tirou dinheiro da mão

É claro que o efeito pandemia acelerou processos digitais, como o aumento de transações digitais, seja para compras ou pagamentos. Mas, entre 2020 e 2021, a quantidade de dinheiro em circulação no Brasil caiu vertiginosamente.

Dados do Banco Central mostram que, em 2020, havia R$ 370 trilhões em dinheiro em circulação no país. Número que caiu para R$ 339 trilhões em 2021, na prática, R$ 31 trilhões em moedas deixaram de circular nas mãos dos brasileiros.

Com a nova realidade de pouco dinheiro físico no bolso e muito Pix, em janeiro de 2024 o Banco Central decidiu encerrar o DOC (Documento de Ordem de Crédito). A modalidade que existia há 39 anos foi pioneira na transferência de dinheiro, mas exigia que o cliente fosse até a agência para fazer a transação.

Com os aplicativos de internet banking, a operação passou a ser on-line, mas era cara, a depender da relação entre emissor e receptor. O cliente pagava até R$ 20 para transferir o dinheiro. Obviamente a modalidade deixou de ser usada após a vigência do Pix.

O que esperar de novidades para o Pix?

Em outubro de 2024, entra em vigor o Pix automático, mais uma modalidade encontrada pelo Banco Central para alcançar mais pessoas com serviços práticos. A ideia é proporcionar algo similar ao débito automático, agendando Pix para pagamentos recorrentes.

O Pix automático será lançado no dia 28 de outubro de 2024, possibilitando transações de pessoas físicas para jurídicas, para pagar contas como água, luz, escola, academia, entre outros. A diferença é que para o débito automático a empresa precisa ter convênio com o banco, ou seja, o Pix automático deve facilitar.

Vale lembrar que as transações Pix para pessoas físicas são gratuitas e assim devem continuar. No Pix automático, o pagamento segue sendo gratuito para os usuários, podendo haver cobranças apenas para as empresas.

(Foto: Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)