Lindas, coloridas, comunicativas, sensíveis e boas companheiras. Calopsitas parecem ser os pets da vez e ganham cada vez mais a simpatia de tutores em Campo Grande. Nas redes sociais, inclusive, elas contam com perfis especializados que vão dos cuidados ao humor.
Não é à toa, portanto, que a cidade tem visto tantos pedidos de ajuda para localizar calopsitas que fugiram e até mesmo foram “sequestradas”, que se destacam entre os animais de estimação mais tradicionais. Sim, as calopsitas estão entre nós, mas não vá pensando que cuidar delas é como ter um cão ou um gato.
Com a fama repentina, emergem até casos que caracterizam maus-tratos desses animais – em parte, por conta da falta de informação sobre os cuidados específicos que a criação exige.
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Assim, se você está pensando em adotar uma calopsita, é preciso refletir antes se ela se encaixa no seu estilo de vida. Nesse contexto, conforme o veterinário Douglas Perx Nunes – especialista em animais exóticos – há pelo menos três pontos importantes para considerar no cuidado das calopsitas.
Calopsitas: espaço, comida e cuidados diferenciados
Douglas Perx Nunes destaca que o espaço de convivência dessas aves precisa respeitar algumas especificidades. “Tem que ser um recinto com tamanho legal. Para aves em geral, a gente indica 2m x 1m de área para que ela tenha condições de voo. As que vivem em casa soltas, geralmente, não têm esse problema e só dormem na gaiola”.
A alimentação também é específica. Se ignorada, pode acarretar às calopsitas problemas de saúde.
“A gente sempre indica a ração extrusada, específica para calopsita. Existe muito erro, porque muitas pessoas dão o mix de sementes e essa alimentação não é a recomendada. Infelizmente, o que a gente mais pega na clínica é alimentação ruim, que provoca queda na imunidade, problemas hepáticos e situações que interferem na qualidade de vida do animal”. Cada 300 gramas da ração extrusada varia entre R$ 30 e R$ 35.
Tutores também devem avaliar a frequência da visita dos veterinários: assim como demais animais de estimação, consultas preventivas são o ideal. Mas, também é preciso levar em conta que não é qualquer profissional que sabe como cuidar delas de forma especializada. “A gente tenta introduzir para clientes que de uma a duas vezes no ano façam um check-up geral para ver se o animal está com condições ideais e saudável. É possível descobrir uma patologia fazendo esses exames. Por isso, indicamos levar ao veterinário sempre antes de acontecer algo”.
Prepare o bolso
Assim como cães e gatos, não é preciso autorização especial para adotar uma calopsita. Contudo, tutores devem procurar boas recomendações de criadores na hora da aquisição.
O preço de um animal adulto varia entre R$ 100 e R$ 200. No entanto, no comparativo com os pets mais adotados no País, o custo com as aves tem preço mais ‘salgado’, especialmente com a parte veterinária. Portanto, antes de adotar uma calopsita, é preciso planejamento.
“Não é muito barato se colocar todos os cuidados. Ração é mais cara, viveiro de qualidade também, e a parte veterinária é mais elevada que a do cão e gato. A parte clínica e internação é diferente de cão e gato, e são cuidados específicos. Por isso, a parte veterinária tem valor agregado por questão da espécie. Tirando essa parte, é ok de se manter”, acrescenta Douglas Perx, que está à frente da Pró Exotics, especializada em animais exóticos.

Avaliar antes de adquirir
Mesmo com os custos e cuidados diferenciados, a veterinária Penélope Leite, lembra que as aves são fiéis amigas e ótimas companhias, um dos motivos que justifica a preferência de tanta gente. Ela também reforça a importância de refletir sobre a disponibilidade dos tutores no cuidado antes de fazerem a aquisição.
“As aves, no geral, vão desenvolvendo vínculos muito fortes com os tutores, que até ajudam em questões de depressão, e temos relatos nesse sentido”, pontua. Apesar disso, a interação com crianças é um alerta.
“Não é que a gente não indique, mas falamos para ter um cuidado especial em casa com crianças. É preciso monitoramento de um adulto porque são animais muito sensíveis e podem se estressar com facilidade, diferente do cachorro e gato. Se uma criança aperta uma calopsita, a ave pode vir a óbito”, explica.
Companheiros para toda hora
Depois de já terem adotado um hamster, peixe, coelho e até um pato, os irmãos Vinícius e Camila Pesconi Frias resolveram abrir espaço na casa para o casal de calopsitas Bily e Nevada. “A gente sempre gostou de ter bichinhos e depois que nosso coelho morreu, decidimos ter outro animal”, conta Vinícius.

Segundo ele, foi por uma pesquisa nas redes sociais que surgiu o primeiro contato e a ideia de ter o pássaro em casa. Agora, com os novos integrantes da família, o tutor afirma que teve a melhor escolha.
“Eles interagem, brincam… Se a gente balança a cabeça, eles balançam junto. Cantam junto. E essa interação é muito gostosa. Eles voam para junto de você, são companheiros para toda hora”, detalha.
Camila faz coro ao irmão e relata até que é xodó de Bily. “Desde sempre ele é muito apegado a mim. A gente diz que ele me adotou como a calopsita grandona dele”, finaliza.
Projeto na Assembleia Legislativa
Neste mês, começou a tramitar na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) projeto de lei para regulamentar a criação e manutenção em ambiente doméstico, de aves exóticas e domésticas para fins ornamentais, de canto ou como animal de estimação.
A proposta foi elaborada a pedido da FOB (Federação Ornitológica do Brasil), que ressaltou a importância de viabilizar uma Lei para normatizar a criação desses animais em ambiente doméstico, com base nas regulamentações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O projeto segue instruções do Ibama, que regulamenta a criação amadora e comercial destas espécies. A lista de aves domésticas que consta na proposta de lei é composta por espécies de criação estabelecida no Brasil, que já constaram como domésticas nas portarias do Ibama.