Passear é direito, mas focinheira deveria ser regra: o que dizem campo-grandenses sobre pitbull em shopping

Estudo contesta que raça interfira no comportamento do animal

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Cachorro pitbull solto em rua de Campo Grande. (Foto: Arquivo)

Ataque de pitbull a uma menina de 3 anos mais uma vez trouxe à tona discussões sobre o comportamento dos animais de estimação e o convívio em ambientes públicos. O episódio, que virou caso de polícia, aconteceu na tarde de ontem (18), enquanto os pais da criança e o tutor do cão faziam compras em um shopping de Campo Grande. 

O Jornal Midiamax foi às ruas para saber o que os moradores pensam sobre ficar tão perto dos pitbulls e de outras raças que carregam a fama de perigosas, como rottweiler, por exemplo. Em Campo Grande, além dos shoppings, é comum ver os animais em espaços de uso público, como parques e praças.

Junto da filha, de 4 anos, Armando Araújo disse que não teria receio em circular próximo a um pitbull, desde que o animal estivesse devidamente preparado com coleira e focinheira. Além disso, o pai ainda faz uma reflexão sobre o direito que também têm os animais e seus tutores.

“Não podemos restringir a pessoa de ter um animal de porte grande, no entanto, todo cachorro deve estar com os itens de segurança. As crianças gostam dos animais e se tem a corrente e a focinheira, se aproximar não é um problema. Todo ataque acontece quando existe o descuido do tutor e a falta dos itens de segurança”, avalia. 

Armando e a filha, de 4 anos. (Foto: Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Samela Marcela até confessa certo medo dos cães de grande porte, no entanto, assim como Armando, defende que é possível manter cuidados que garantam o convívio com os animais de estimação.

“Dá sim para passear com cachorro, sendo ele de raça mais brava ou não, mas é preciso ter as proteções e uma atenção maior. Temos de dar oportunidade para os tutores saírem com pets, não precisa ter restrição”, pontuou. 

Já para Neucy Ramos, passar perto de um pitbull não está dentro de qualquer possibilidade. “Eu morro de medo, se vejo de longe já corro. Pra mim pitbull tem que ficar em casa porque é muito perigoso”, afirma. 

Para sustentar a opinião, Neucy cita recente caso da escritora Roseana Murray, de 73 anos. No início do mês, a idosa foi atacada por três três cães da raça pit bull, teve de amputar o braço direito e ainda perdeu uma das orelhas e precisou reconstruir o outro braço e lábios. 

Neucy tem medo e acha que lugar de pitbull é dentro de casa. (Foto: Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

“Não tem como andar com um cachorro assim sem focinheira porque ele sempre ataca quem é mais frágil, geralmente criança e idoso”, comenta Geysla Ribeiro de Lima. Segundo ela, o ataque registrado no shopping não foi o primeiro que teve notícia. “Já aconteceu um ataque no meu bairro. O muro era baixo, o cachorro pulou e atacou uma criança, que ficou bem machucada e por sorte não morreu”, completou.

Confira no fim da reportagem vídeo com a opinião dos entrevistados.

Raça agressiva existe?

Conforme recente pesquisa genética publicada pela revista científica Science, não é possível associar a raça de um cão à repetição de um padrão comportamental específico.

Conforme o estudo de Elinor Karlsson, autor da pesquisa feita pela universidade Umass Chan, o instituto Broad e a Universidade Harvard. A genética dos animais contribui em quase nada para o quanto um cachorro pode ser amigável ou afetuoso, derrubando, portanto, a tese de que pitbulls são naturalmente mais agressivos. 

Para a pesquisa, foram avaliados 2.155 sequências de DNA de raças puras e mistas, além de entrevistas com 18.385 tutores com a descrição do comportamento de seus animais de estimação. 

Foram observadas características, como capacidade de obedecer, socializar com humanos e interações com brinquedos, por exemplo. Características físicas também entraram na avaliação, que não detectou associação de raça ao comportamento. 

Ataque em Shopping de Campo Grande

Uma menina de três anos sofreu ferimentos leves após ser mordida por um cão da raça pitbull em um shopping da região norte de Campo Grande. O acidente acontece na noite de quarta-feira (17) e a criança precisou ser vacinada. Após o episódio, a família registrou um boletim de ocorrência.

Segundo o pai da menina, Julio Cesar Malaquias, por volta das 20h30, a família estava em uma loja de artigos esportivos. A filha circulava no espaço, quando o cão começou a latir, momento em que o tutor teria o afastado. O acidente aconteceu quando ambos foram para o caixa; o cachorro mordeu as partes íntimas da criança.

“Minha filha passou próximo ao animal e ele a atacou. A mordedura só não causou um ferimento maior por conta da roupa, mas deixou marcas dos dentes e causou um ferimento na pele. Fomos ao hospital e logo ela foi encaminhada para tomar vacina, já que o cachorro não está sendo monitorado e não sabemos se o cão é vacinado. Ela chorou muito e ficou muito assustada com todo o ocorrido”, disse.

Um segurança e o Corpo de Bombeiros prestaram os primeiros atendimentos dentro do shopping. Ainda segundo o pai, a dona do animal deixou os dados pessoais para contato e disse que o cão estava vacinado.

“O cachorro era de médio porte para grande. O cachorro deu a mordida, mas percebi que não foi com raiva para machucar, mas devido à força da mordida do pitbull, acabou ferindo a região mordida. Vamos solicitar junto ao shopping que não permita a entrada de cachorros que ofereçam perigo, exigindo no mínimo uma focinheira, para que isso não aconteça novamente com outras crianças”.

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