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Cotidiano

Passar tempo na natureza pode ter papel terapêutico e prática já tem adeptos em Campo Grande

Em Campo Grande, biólogo desenvolve atividades naturais que buscam minimizar problemas gerados pela vida agitada nas cidades
Liana Feitosa -
Imersão no Parque Estadual Matas do Segredo (Reprodução Luiz Henrique Ortelhado Valverde).

Passar um tempo no meio do mato, curtindo a natureza, longe de telas, da poluição e dos problemas da cidade. A prática não é unanimidade, mas funciona como terapia para muita gente. É, inclusive, uma das vitrines turísticas de Mato Grosso do Sul, conhecido como um dos epicentros do ecoturismo.

Mas o lance é que muitas pesquisas já reforçam que, sim, estar em contato com a natureza tem um papel terapêutico – a ciência já definiu que pessoas podem desenvolver um transtorno chamado de déficit de natureza, que impacta diretamente na saúde.

Esse tema, a propósito, é o ponto central da pesquisa do biólogo e educador ambiental Luiz Henrique Ortelhado Valverde, que desenvolve, em , técnicas para minimizar os problemas gerados pela vida agitada nas cidades.

Durante seus estudos de doutorado, o pesquisador abordou uma perspectiva da ecologia chamada de ecologia profunda. “Ela busca reconectar o ser humano com a sua integralidade, com a natureza, de reconhecer como parte da natureza. Uma parte da ecologia profunda propõe-se a desenvolver técnicas de reconexão”, explica Valverde.

Origem da técnica do “banho de floresta”

Para isso, passaram a existir os “banhos de floresta”, uma metodologia de reconexão que começou no Japão na década de 1980. Era uma política de saúde pública e que desde então impacta bastante na saúde da população.

banho de floresta
Imersão realizada no Parque Estadual Matas do Segredo (Reprodução Luiz Henrique Ortelhado Valverde).

Valverde reforça que, aqui no Brasil, o IBE (Instituto Brasileiro de Ecopsicologia) e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) assinaram um acordo de parceria para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. O objetivo era desenvolver, entre 2021 e 2026, a prática como uma política pública dentro das PICs (Práticas Integrativas e Complementares) oferecidas pelo SUS.

“Antes de ser uma técnica japonesa estudada por pesquisadores da ciência moderna, já é realizada entre os povos indígenas do Brasil. A natureza e o ser humano não estão separados em sua cosmologia, algo que é bem compreendido pelos povos indígenas”, pontua o ecologista.

Urgência de contato com a natureza

“Essa prática é mais que necessária e urgente devido ao caos que vivemos atualmente, seja de ordem social e até patológica. A reconexão com a natureza gera muitos benefícios, não só para a saúde física, mas mental e espiritual também, principalmente em crianças e adolescentes que estão distantes do contato genuíno com a natureza. E esse transtorno traz muitos efeitos negativos também”, detalha o pesquisador.

De acordo com o biólogo, pessoas de todas as idades podem participar. Inclusive, em alguns países onde o tratamento do assunto é mais amplo, médicos e terapeutas receitam pacientes a vivenciarem momentos em meio à natureza.

Imersão realizada no Parque Estadual Matas do Segredo (Reprodução Luiz Henrique Ortelhado Valverde).

Em Campo Grande, os “banhos de floresta” acontecem na cidade. Já houve 3 edições e todas aconteceram no Parque Estadual Matas do Segredo, mas há planos de ampliar o projeto e realizá-los em outros parques da cidade.

“A ideia atualmente é ampliar a rede com aqueles que sentem a necessidade de fomentar a prática em suas vidas e quiçá, levar a discussão como política pública no Estado para escolas, universidades, estabelecimentos penais e outros”, explica Valverde.

Como funcionam os “banhos”

A iniciativa de imersão acontece de forma tranquila, com atividades de contemplação e atenção plena durante a visitação ao parque, o que inclui pés no chão, momentos de caminhada em silêncio, respiração consciente e olhar atento com o objetivo de aguçar os sentidos humanos.

Durante a visita, os participantes são convidados a buscar conexão consigo mesmos e com o mundo, entrando em sintonia com a natureza, desacelerando a rotina e também desenvolvendo consciência ecológica.

A experiência

A educadora Luciene Borges Ortega, de 53 anos, participou de um dos banhos promovidos por Valverde e viu na atividade uma oportunidade para se desestressar.

“Gosto do contato com a natureza e tenho minhas convicções que a Mãe Natureza nos traz muitos benefícios. Gostei da experiência, fazia um tempo que eu precisava pisar na terra, respirar o ar da mata e ouvir o silêncio da natureza”, conta Luciene.

Para ela, o “banho de natureza” gerou vários benefícios. “Respirar um ar mais puro, traz o tempo pra mim, pisar na terra alivia o stress, acalma”, completa.

O próximo “banho de floresta” está programado para ocorrer em julho. Interessados em participar, podem entrar em contato com o pesquisador no e-mail: luiz.valverde@ufms.br.

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