O sol tímido, escondido entre as nuvens e o tom alaranjado mudam o céu de Campo Grande na manhã desta quinta-feira (8). A condição é favorecida pelas fumaças de incêndios no Pantanal e o avanço da esperada frente fria.

Conforme o meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Vinicius Sperling, há uma mistura de fumaça e nuvens. Além da névoa seca, a fumaça dos incêndios foi carregada pela direção sudoeste dos ventos.

“Quando tem nuvens, porque tem a frente fria avançando, tem chuvas aqui no Estado. A nuvem, geralmente, é mais alta do que a fumaça, tanto as nuvens baixas, médias e altas ficam num nível acima da fumaça. Então, na imagem de satélite, quando tem nuvem, fica mais difícil de identificar a fumaça. Ela está misturada, às vezes, dificulta um pouco na identificação. Aqui na superfície, a gente está vendo que tem um tom meio laranja, um rosado, algum tom meio avermelhado, meio laranjado, isso tem referência com a fumaça”, explica.

Vem chuva?

Também é possível notar o aumento de nebulosidade e queda nas temperaturas, favorecida pela frente fria. A expectativa é de chuva, após 30 dias sem volume significativo. O último registro foi no dia 9 de julho.

O monitoramento identifica que Campo Grande tem vivenciado nos últimos nove meses um comportamento climático extremo e adverso. Análise meteorológica elaborada pelo Cemtec indica que entre outubro de 2023 e junho de 2024 há um padrão de temperaturas anormalmente altas e precipitações significativamente abaixo da média histórica, colocando a cidade em uma situação climática severa.

“A análise das precipitações acumuladas mensais revela uma situação de escassez hídrica preocupante. Em outubro de 2023, choveu apenas 15,4 mm, muito abaixo dos 150,6 mm esperados. Janeiro e março de 2024 também foram marcados por precipitações significativamente abaixo da média, com janeiro registrando apenas 93,2 mm comparado aos 225,4 mm esperados, um déficit de 135,2%”.

Contudo, no período de outubro de 2023 a junho de 2024, Campo Grande acumulou apenas 710,6 mm de chuva, cerca de 55% do esperado, segundo dados climatológicos do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Isso representa uma escassez de aproximadamente 45%, ou 585,9 mm a menos do que o esperado.

A combinação de altas temperaturas e baixa precipitação intensificou os efeitos da seca na região. Este cenário contribuiu para o aumento dos incêndios urbanos, à medida que a evaporação dos rios e lagos, junto com a evapotranspiração das plantas, reduziu ainda mais a disponibilidade de água. De acordo com o CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de MS), de 01/10/23 a 29/07/2024, os militares realizaram 1.542 atendimentos de incêndios em vegetação em Campo Grande.

Confira o vídeo desta manhã: