No Parque Novo Século, moradores dividem espaço com lixão a céu aberto: ‘esquecidos’

No bairro Parque Novo Século, região sul de Campo Grande, moradores vivem um grande dilema de saúde e segurança. É que há mais de 16 anos, algumas pessoas, no intuito de encurtar o caminho, criaram em um terreno próximo à Rua Tv. Petronília Inácio Pereira, um caminho para tráfego de veículos e pedestres. Mas, o que deveria facilitar a vida de quem mora na região é, agora, o motivo de uma grande dor de cabeça. O local se tornou um “lixão” graças ao descarte irregular de diversos materiais.

Lá, moradores encontram de tudo: roupas, restos de materiais de construção, pneu, garrafas, podas de árvores e animais mortos. Para a reportagem, foi relatado que carros roubados e um cadáver já foram encontrados em meio aos entulhos.

Alissandra Alves de Matos é moradora da região há 16 anos. Segundo ela, a situação sempre foi precária e uma grande preocupação para quem vive por lá. “Não é agradável. É falta de consciência, tanto dos moradores da região, quanto das proximidades que vêm aqui jogar lixo”, afirma.

“Além do lixo, tem moradores que vêm aqui, queimam tudo e a gente ainda tem que sofrer com o cheiro de fumaça”, afirma. “Às vezes, a Prefeitura vem, faz a limpeza, mas dá dois dias e já está assim outra vez. Nosso bairro está virando um lixão”, pontua.

Falta de segurança

Além da quantidade absurda de lixo, outro problema apontado pelos moradores é a falta de segurança. Isso porque o mato é muito alto e não há iluminação pública. Segundo Alissandra, já houve registro de assalto e é constrangedor que os moradores tenham que conviver com a insegurança e medo há tantos anos.

“Muitos trabalhadores transitam por aqui, mas é uma área de perigo. Aqui já teve muito assalto. Com tanto político que entre e sai, ninguém toma providência. A gente se sente esquecidos. Tem bairros que são mais novos e já estão asfaltos, tem lazer, iluminação… aqui não temos nada”, conta.

Segundo o morador, parte do problema poderia ser resolvido se houvesse mais fiscalização no local. “Ali no [bairro] Paulo Coelho Machado tem um posto da GCM [Guarda Civil Metropolitana]. Eles podiam vir aqui e autuar esse pessoal porque tem moradores que já foram ameaçados de morte por pessoas que estavam fazendo o descarte”, afirma.

O que diz a Prefeitura?

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura. Segundo a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), a grande maioria das áreas do loteamento Parque Novo Século são de propriedade particular e o setor responsável pela fiscalização está ciente da situação. Desta forma, a região já se encontra no cronograma para a realização de vistorias. É importante que os moradores formalizem as denúncias via Central de Atendimento 156.

“A Semadur destaca que as ações de fiscalização são realizadas rotineiramente, no entanto, pontuamos que se não houver flagrante não é possível a identificação do autor do descarte irregular e, portanto, a responsabilização e autuação do mesmo. A Secretaria orienta ao cidadão que flagrar a ocorrência de descarte irregular, que acione de imediato a Guarda Civil Metropolitana por meio do telefone 153 para que o autor seja autuado em flagrante por crime ambiental, bem como, penalizado pela Semadur quanto à infração ambiental”, pontua a secretaria.

“Reforçamos a importância quanto à conscientização da população em buscar os locais adequados para o descarte, como os Ecopontos, LEVs (Locais de Entrega Voluntária) e a contratação de empresa especializada para a correta destinação dos resíduos, conforme determinado em Lei Federal”.

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