Agosto começou com péssimo preságio para Mato Grosso do Sul. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) mostram que no dia 1° de agosto, foram registrados 301 focos de queimadas no Estado, superando o total registrado no mês inteiro em 2023.

Isso mesmo, nos 31 dias de agosto de 2023, foram registrados 239 focos de incêndios em Mato Grosso do Sul, menos do que o primeiro dia de agosto de 2024. Importante ressaltar que agosto de 2023 e 2022 foram atípicos, com poucos focos de incêndio, visto que é esperado um alto número de queimadas.

O período de estiagem, com falta de chuva significativa há meses, e os ventos fortes intensificam os focos de incêndio e dificultam ainda mais, o trabalho dos brigadistas. Ainda conforme dados do Inpe, o recorde de agosto é de 6.141 focos de queimadas em 2005. Em agosto de 2020, foram 2.508 focos de queimadas e 2.646 em agosto de 2021.

Mato Grosso do Sul caminha, assim, para o terceiro mês consecutivo de recorde nos incêndios. A situação deste ano é agravada por uma seca histórica, impactada pelas mudanças climáticas, que contribuiu para um cenário de estiagem sem precedentes na região pantaneira.

Incêndios se espalham por cidades de Mato Grosso do Sul

O Pantanal está no foco dos combates aos incêndios devido à importância do bioma e a dificuldade no acesso às chamas. Porém, o tempo seco e o vento têm contribuído para que os incêndios se espalhem por todo o Mato Grosso do Sul.

Sistema de monitoramento do Corpo de Bombeiros em tempo real mostra 7 mil focos de incêndio ativos na manhã desta sexta-feira (2), espalhados por seis municípios de Mato Grosso do Sul. Na área urbana os incêndios também têm se espalhado. Em Campo Grande, diariamente, queimadas de grandes proporções atingem áreas de vegetação.

Fazendas entre o Rio Barra Mansa e Rio Negro, em Aquidauana, a 145 quilômetros de Campo Grande, foram devastadas por incêndio, que persistem nesta sexta-feira (2). Imagens registradas por funcionários das propriedades revelam a força do fogo e o cenário assustador da fumaça densa no Pantanal.

O monitoramento do SOS Pantanal indica que há focos de calor em 16 localidades, também próximo à Miranda. O mapa mostra uma imensa área atingida pelo fogo nos últimos sete dias.

Risco extremo

A coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento de Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul), Valesca Fernandes, explica que o Estado enfrenta o risco extremo de perigo de fogo no Pantanal nos próximos dias, sem chances de chuva.

A previsão, entre os dias 1 e 7 de agosto, indica tempo firme com sol e poucas nuvens. As temperaturas seguem estáveis e acima da média, podendo atingir chegar a 37°C.

Imagens de satélite do Zoom Earth mostram o rastro da fumaça desde a região pantaneira de Corumbá em direção ao sul do Estado. Ao norte, a condição de alia ao aumento de nebulosidade.

Plano de Manejo Integrado do Fogo

Nesta semana o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), esteve em Corumbá para sobrevoar a região atingida pelas chamas. Na oportunidade, sancionou a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.

Em coletiva de imprensa, Lula afirmou que um país que não cuida do Pantanal não merece o bioma e elogiou o trabalhos dos brigadistas. Atualmente, são 112 bombeiros do CBMMS, com o apoio efetivo de 34 integrantes da Força Nacional de Segurança Pública, além de militares da LIGABOM, das Forças Armadas (Marinha, Exército e Força Aérea Brasileira), da Polícia Militar e 233 agentes do IBAMA, ICMBio e brigadistas do PrevFogo.

“O Pantanal é um patrimônio da humanidade. É por isso que estou orgulhoso com vocês brigadistas. Fiquei emocionado hoje, vendo o fogo pegando e vendo os brigadistas apagar o fogo e vendo o trabalho unitário que está sendo feito entre todos os entes federais”, comentou.