O diretor presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), Claudio Marques, afirmou que não vai aceitar novas ocupações em Campo Grande. A declaração foi feita após cerca de 40 famílias serem retiradas de uma área localizada no Jardim Tijuca, nesta segunda-feira (13).

O local foi ocupado no último sábado (11), depois que moradores do prédio, conhecido como Carandiru, localizado no Bairro São Jorge da Lagoas, receberam uma ordem judicial para deixarem o local no prazo de 60 dias.

“Estamos tentando manter a área a buscando a ordem. Nas ocupações consolidadas, nós buscamos a regularização, mas tentativa de ocupação, não será aceita. Não vai ter invasão. Isso desorganiza todo o proceso de habitação social”, afirma.

Segundo o diretor presidente da Emha, as famílias que foram retiradas do local devem retornar para o prédio que ocupam e esperar pelo processo de regularização, no entanto, não há previsão para que a questão seja solucionada.

Famílias acamparam no local no último sábado (11) (Foto Nathalia Alcântara, Midiamax)

“Essas famílias vieram de algum lugar e vão retornar para onde vieram, nesse primeiro momento, para aguardar de forma ordenada, assim como as outras 12 mil famílias cadastradas aguardam a fila por unidade habitacional. Uma pessoa que está trabalhando, conquistando seu salário dignamente, pagando seu aluguel, não pode ser prejudicada por alguém que tenta invadir uma área pública e sair na frente”, justifica.

Angélica Luz, há 4 anos mora no prédio ocupado no São Jorge da Lagoa. Ela estava com o marido na área do Jardim Tijuca e diz que foi para o local a fim de garantir que tenha para onde ir com a família.

“Deram 60 dias para sairmos de lá, então nós nos unimos, fizemos o levantamento dessa área, descobrimos que é pública e viemos para cá porque realmente não temos para onde ir após a desocupação do prédio em que moramos”, explica.

A quem pertence área ocupada?

No local há uma casa onde mora a faxineira Maria Gomes da Silva. À equipe do Jornal Midiamax ela disse que a família recebeu o terreno da Prefeitura há cerca de 40 anos, quando se mudaram para o local. A área segundo afirma, foi cedida ao marido e repassada para ela, quando ficou viúva.

“Estou preocupada. Essa área é minha eu ganhei há 40 anos, tenho como provar, não tomei nada de ninguém. Esse documentos estão com meus filhos. Não deixo em casa porque já invadiram aqui outras vezes”, relata.

Moradora está no local há 40 anos (Foto: Nathalia Alcântara, Midiamax)

O diretor presidente da Emha explica que trata-se de uma área pública e que a moradora tem permissão de uso do local.

“No caso dela já é uma ocupação consolidada, com permissão de uso. Ela tem os direitos garantidos por lei e não será retirada de lá. Nesse caso estamos analisando a documentação para resolvermos a situação, se ela vai permanecer nessa área, ou se será destinada para um outro lugar. Isso será analisado pela Comissão de Ações Fundiárias”, observa.

Uso de spray de pimenta durante desocupação

Famílias que estavam na área disseram à equipe do Jornal Midiamax que foram retiradas do local sob uso de força e acusou equipe da Guarda Civil Metropolitana de disparar spray de pimenta contra eles durante a desocupação.

Equipe da Guarda Civil Metropolitana, que estava no local, negou ter usado força, ou qualquer material químico. No entanto, um vídeo gravado, pelas pessoas que estavam no local, mostra o momento em que um dos agentes lança o spray de pimenta na direção deles.

Durante a desocupação, três pessoas foram detidas. Dois homens foram encaminhados diretamente para a 6ª Delegacia de Polícia. Já a mulher, disse que está grávida e que não estava se sentindo bem, por isso, foi encaminhada para avaliação médica em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Depois de receber o atendimento, ela deve ser direcionada para a delegacia.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax solicitou por email posicionamento oficial sobre o uso do spray de pimenta, mas até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. O espaço permanece aberto para manifestações.