Uma faxina geral está sendo realizada nesta manhã (5), no bairro Marcos Roberto, na esquina das ruas Japão com a Ouro Verde, próximo à região central de Campo Grande. A limpeza acontece em dois grandes terrenos, que viraram um ‘lixão a céu aberto’ e esconderijo para usuários de drogas. Pelo menos 12 caminhões de materiais já foram retirados do local.

Com clima tenso nas imediações, por causa dos dependentes químicos, foram solicitadas duas viaturas da PM (Polícia Militar) e uma da Guarda Civil Metropolitana. Três caminhões caçamba e duas retroescavadeiras retiram todo o lixo.

Entre os antigos donos, um casal morreu há muito tempo e a invasão começou há cerca de 10 anos. No local, são dois terrenos que estão em processo de inventário, após a morte dos antigos proprietários. Durante o mutirão, além de muito lixo recolhido, grandes ratazanas saem do local, assustando os moradores. Em meio aos materiais, estavam escondidos produtos de furto, como peças de carros. E ainda partes de sofá, muito papelão, colchões, diferentes tipos de móveis de madeira e MDF, baldes, entre vários outros itens.

De acordo com o chefe de pessoal das equipes de leishmaniose e doença de chagas da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Mário Márcio Oliva, a mesma limpeza já foi realizada em 2021, quando foram retirados “17 caminhões” de lixo. Um dos moradores de rua disse que seriam ‘materiais de reciclagem de um amigo’ e que ele retornaria para buscar, mas os funcionários que fazem a ação de hoje (5) garantem que não são itens de reciclagem, que é tudo lixo. Todos os materiais serão levados para o aterro sanitário de Campo Grande.
 
Em um dos terrenos, há uma casa de alvenaria (uma peça) que está sendo demolida, após a equipe conseguir o alvará para derrubar o pequeno imóvel. Os responsáveis pelo mutirão estão tentando conversar com uma mulher que está na casa para que ela deixe o local.

Alívio com limpeza, mas preocupação com usuários

Cleide da Silva, de 58 anos, é auxiliar de escritório. Ela, que mora no bairro há mais de 30 anos, disse estar um pouco aliviada com a faxina geral, mas falou que não resolve a situação. “A limpeza traz certo alívio pros moradores, mas não resolve o problema, porque a região está ‘infestada de usuários de drogas’. Eles são muito agressivos e fazem ameaças aos moradores. O ideal é retirar essa população do nosso bairro”, concluiu Cleide.

Além de moradora do bairro Marcos Roberto, Luciana Lilian é agente de Saúde. A preocupação dela é com relação às possíveis represálias dos dependentes químicos, porque eles podem achar que foi ela quem denunciou a ação para limpar a área. “Já tentamos encaminhar os usuários para Assistência Social ou Cetremis (Centro de Triagem do Migrante), já oferecemos os serviços do Poder Público, mas eles não aceitam. E enquanto isso, as pessoas do nosso bairro não conseguem mais andar sozinhas, com medo de serem assaltadas”, ressaltou Luciana.

Fotos: Miriam Machado/ Jornal /Midiamax.