O impasse no pagamento dos mais de 3 mil funcionários da Santa Casa segue gerando transtornos e possibilidade de greve. Enquanto o hospital aponta atrasos no repasse de recursos, o Ministério da Saúde nega, alegando que os valores já foram transferidos ao município. Em meio a isso, funcionários seguem ‘no escuro' sem saber quando terão o em conta.

Em um comunicado recente, a Santa Casa declarou não ter recebido os repasses federais, estaduais e municipais, o que a impede de cumprir com a folha de pagamento. Por outro lado, o Ministério da Saúde contradiz essa alegação, assegurando que o repasse, estimado em R$ 6,1 milhões, foram repassados à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) em 9 de janeiro, dentro do prazo estabelecido pelo Governo Federal.

Santa Casa de (Ana Menegat, Midiamax)

Questionada sobre os repasses, a Sesau confirmou o recebimento dos recursos nesta quinta-feira (11) e afirmou que os valores devem ser pagos ao hospital até sexta-feira (12). “Estamos fazendo os trâmites necessários para proceder com o pagamento ao hospital quanto antes”, disse a pasta.

A Secretaria reiterou que os recursos oriundos do SUS (Sistema Único de Saúde) para este convênio são tripartite, ou seja, recursos da União, Estado e Município.

O Governo do Estado informou, por meio da SES (Secretaria de Estado de Saúde), que questões burocráticas atrasaram o repasse de R$ 9 milhões, mas que o valor deve ser pago até a próxima semana.

‘Não se justifica crises internas com inverdades'

Ronaldo Costa, superintendente do Ministério da Saúde em Mato Grosso do Sul, refuta a falta ou atraso nos repasses e atribui o impasse a problemas internos no hospital.

“Não se pode tentar justificar crises internas com justificativas que não são verdadeiras. Não houve atrasos e o depósito mencionado pela Santa Casa foi realizado na conta da Sesau em 09 de janeiro, sem atrasos”, diz.

De acordo com representantes de sindicatos, a folha mensal da Santa Casa é de R$ 15 milhões, referente ao pagamento de 3,8 mil funcionários. Só a enfermagem com 1,5 mil funcionários tem folha acima de R$ 9 milhões.

O superintendente ainda prevê que 2024 será um ano desafiador para a atenção hospitalar em Campo Grande, destacando a ameaça de de atendimentos na Santa Casa, a saída do Hospital Regional do comando municipal e a exclusão do HU-UFMS da rede de urgência e emergência.

Funcionários votam a favor da greve

Funcionários podem cruzar os braços se não receberem salários (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Os cerca de 3,8 mil funcionários da Santa Casa de Campo Grande, o maior hospital de Mato Grosso do Sul, realizaram uma assembleia na quarta-feira (10), onde aprovaram o indicativo de paralisação de 70% dos trabalhadores a partir de segunda-feira (15). Com isso, 30% dos funcionários irão trabalhar e cirurgias eletivas devem ser suspensas.

O com a decisão foi publicado no DOE (Diário Oficial do Estado) desta quinta-feira (11). Segundo Helena Delgado, vice-presidente do Siems (Sindicato da Enfermagem de MS), a partir da publicação, são contadas 72 horas para início da paralisação.

Apesar do impasse, o hospital afirma que os salários devem ser pagos até esta sexta-feira (12), como forma de evitar a paralisação. Na manhã desta quinta-feira (11), funcionários do hospital se reuniram no saguão da Santa Casa para discutir a possível greve.

Em nota, o SIEMS (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem do Mato Grosso do Sul) afirma que recebeu a informação do envio de recursos, do Estado ao município, mas garantiu que os trabalhadores seguirão mobilizados até que o pagamento seja efetuado.

Santa Casa culpa falta de repasse

Santa Casa
Santa Casa afirma falta de recursos (Ana Menegat, Midiamax)

No comunicado emitido nesta semana pela Santa Casa, constam todos os valores a serem repassados à instituição, sendo R$ 6,1 milhões do Ministério da Saúde, R$ 9 milhões do Governo do Estado e R$ 5,2 milhões da prefeitura de Campo Grande. Somando R$ 20,5 milhões, que segundo o hospital ainda não foram repassados.

“A Santa Casa de Campo Grande não recebeu os recursos do componente pré-fixado de origem federal, municipal e estadual para pagamento dos salários dos funcionários da instituição. O pagamento deve ocorrer no máximo até o dia 12 de janeiro, ou antes”, diz o ofício n° 9/2024.