A frente fria que atingiu Mato Grosso do Sul na última semana, trazendo chuva e frio para o Estado, resultou em três dias de trégua para brigadistas. Entre quinta-feira (8) e sábado (10), foram registrados zero focos de queimadas em Mato Grosso do Sul.

Os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que após a trégua, no domingo (11) foram registrados 14 focos de queimadas.

Vale lembrar que a situação de Mato Grosso do Sul em relação aos incêndios florestais é crítica. Em 11 dias de agosto, o Estado soma 2.267 focos de queimadas, ultrapassando a média histórica padrão do período.

Em todo o mês de agosto de 2023, por exemplo, foram registrados apenas 239 focos de queimadas. Mas, um cenário de seca extrema, aliado as altas temperaturas, coloca o Mato Grosso do Sul em situação crítica em 2024.

Mudanças climáticas deixaram incêndios 40% mais intensos

Estiagem e incêndios florestais sempre fizeram parte da vida no Pantanal, mas as mudanças climáticas reduziram em 125 anos a ocorrência de eventos extremos. Artigo científico publicado recentemente no site World Weather Attribution revela ainda que as mudanças climáticas tornaram os incêndios 40% mais intensos no Pantanal.

A elaboração do artigo contou com pesquisadores brasileiros, holandeses, suecos e do Reino Unido. O texto aborda como as condições climáticas têm propiciado um aumento da quantidade e intensidade dos incêndios florestais no Pantanal, como vivenciamos em 2024. Desde junho, Mato Grosso do Sul atinge recordes em número de focos de queimadas.

O artigo confirma que os eventos extremos tinham chance de ocorrer uma vez a cada 160 anos, mas as mudanças climáticas fizeram a probabilidade desses eventos acontecerem cair de 160 anos para 35 anos. Além disso, tornaram 40% mais intensas as condições para que esses incêndios ocorram no Pantanal.

“Sem essas mudanças climáticas, eventos como esse, que a gente tem observado desde junho, aconteceriam um e a cada 160 anos. O aquecimento global fez com que as temperaturas aumentassem, refletindo na quantidade de chuvas que a gente observa no gráfico essa diminuição das chuvas”, explica o pesquisador da UFMS e analista ambiental do Ibama/Prevfogo, Alexandre Pereira.