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Cotidiano

Mato Grosso do Sul tem 250 focos de incêndio em um único dia e pior junho em 26 anos

A situação é a mesma no Pantanal, com 1.672 focos de incêndio em junho
Priscilla Peres -
(Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

O mês de junho de 2024 já é o pior da história de Mato Grosso do Sul em termos de queimadas florestais. No dia 19, foram registrados 250 focos de incêndios no Estado, que soma 1.729 focos no mês. A média do mês é de 91 focos por dia em Mato Grosso do Sul.

Para se ter ideia da gravidade, em 19 dias de junho de 2023 foram registrados 270 focos e, em 2020, período crítico de queimadas, foram 508 focos. Os dados são do monitoramento de focos ativos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

A situação é a mesma no Pantanal. Os dados mostram que no dia 19 de junho o bioma registrou 238 focos de incêndio, totalizando 1.672 focos no mês. Considerando a série histórica de 1998, o mês já é o mais grave para incêndios desde então.

Estatísticas em tempo real do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul apontam para 1.819 focos de calor na manhã desta quinta-feira (20), que atingem oito cidades e 75 propriedades. Dessa forma, em um único dia, foram queimados 12,9 mil hectares em três cidades.

Nos últimos dois meses, as chamas consumiram 107 mil hectares de Mato Grosso do Sul, conforme o Corpo de Bombeiros.

Clima seco e quente agrava a situação

Mato Grosso do Sul está no período de estiagem, que ocorre entre junho e setembro, porém, em 2024 a situação está mais grave. Cidades registram recorde consecutivamente de menor umidade relativa do ar, com 16% nas últimas 24h, conforme o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

O inverno começa oficialmente nesta quinta-feira (20), mas a estação mais fria do ano deve sentir os impactos das mudanças climáticas. Prognóstico do Cemtec/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) aponta para uma estiagem ainda mais severa no próximo trimestre, com chuvas ainda mais baixas do que 300 milímetros esperados na região sul do Estado. Além disso, o calor deve permanecer em todo o Estado, com temperaturas máximas na casa dos 30°C.

E com o clima quente e ainda mais seco do que o normal para o período, resultado já é visto no Pantanal, com o aumento expressivo de focos de incêndios florestais. Em 18 dias de junho, Mato Grosso do Sul registra 1.479 focos de incêndio, recorde histórico para o período.

Mato Grosso do Sul em emergência ambiental

Em 10 de abril, o Governo de Mato Grosso do Sul publicou o decreto n° 25 que declara estado de emergência ambiental em todo o Estado, por 180 dias, devido às condições climáticas que favorecem a propagação de focos de incêndio sem controle. Entre as ações, estabelece as queimas prescritas.

Conforme o decreto, cabe ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) disciplinar o licenciamento da atividade de queima controlada. E a queima prescrita deve seguir as rotinas estabelecidas no Comunicado CICOE nº 01 de 15 de junho de 2022, do Centro Integrado de Coordenação Estadual.

Com relação a áreas identificadas com acúmulo de biomassa, com alto poder de combustão, identificadas pelo Sifau (Sistema de Inteligência do Fogo em Áreas Úmidas), o Estado poderá prescrever e autorizar a realização de queimas controladas ou de queimas prescritas, mesmo durante a vigência deste Decreto e auxiliar a realização de queimas prescritas em áreas particulares.

Também está prevista a realização de aceiros com até 50 metros de largura de cada lado de cercas de divisa de propriedade. Por fim, o decreto também dispensa o Governo de licitação para a contratação de itens e serviços pertinentes a queimadas.

Rio Paraguai em escassez hídrica

A bacia do Rio Paraguai está oficialmente em situação de escassez hídrica. A resolução da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) foi publicada em Diário Oficial na terça-feira (14) e considera a baixa quantidade de recursos hídricos. O Rio Paraguai caminha para a pior seca histórica, com níveis abaixo dos registrados em 1964.

A declaração é válida até 31 de outubro de 2024, podendo ser prorrogada caso as condições persistam. Essa é a terceira vez que a ANA declara escassez hídrica em rios brasileiros. A agência tem competência para tal declaração desde 2020 e o decreto ocorre após a recomendação feita na primeira reunião da Sala de Crise da BAP (Bacia do Alto Paraguai).

“Esse documento de escassez crítica hídrica, praticado pela primeira vez em 2021 na bacia do Paraná, em 2023 foi a segunda declaração no Rio Madeira. Diante do quadro que vivemos na região hidrográfica do Paraguai, equipe técnica da ANA elaborou uma nota técnica recomendando para a diretoria a declaração de situação crítica de escassez hídrica na bacia do Paraguai”, afirma o superintendente da ANA, Patrick Tadeu Thomas.

Pior seca em 60 anos

O Pantanal caminha para ter a pior seca histórica – última nesse nível é de 1964. A situação é consequência de uma união de fenômenos, como o baixo nível de chuvas no período chuvoso deste ano, as temperaturas muito acima da média e a baixa perspectiva de chuva.

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil, as bacias do Rio Paraguai têm registrado chuvas significativamente abaixo da média, ao longo da estação chuvosa. Até março, o déficit hídrico acumulado na bacia, somava 276 mm em média, considerando a chuva esperada no período de 938 mm e registrada de 662 mm.

As chuvas de abril amenizaram em apenas 20 mm o déficit hídrico da bacia. Além disso, é improvável que chova acima da média no próximo trimestre e mesmo que ocorram precipitações dentro da média, entre abril e setembro, 2024 será um ano mais seco que em 2020, podendo ser pior que 1964.

O baixo nível do rio já afeta a navegação do Rio Paraguai, principalmente na hidrovia para exportação de minério. E ainda deve impactar na geração de energia em centrais hidrelétricas, além do turismo, lazer e pesca.

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