Após um mês de intensa programação, o Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) encerrou as ações educativas do movimento Maio Amarelo em 2024. Apesar das ações preventivas, o problema persiste: motociclistas seguem como as principais vítimas do trânsito de Campo Grande.

Entre janeiro e maio de 2024, Campo Grande contabilizou 28 mortes em decorrência de acidentes de trânsito. Desse total, 23, ou seja, 82% das vítimas, eram motociclistas. Das demais mortes registradas, duas foram de pedestres, duas de ciclistas e uma de motorista.

Diretor-presidente da Agetran, Paulo Silva, ressalta que a campanha abriu um ciclo de conscientização; contudo, a imprudência continua sendo a maior causa de acidentes em Campo Grande.

“As pessoas reclamam da multa porque dói no bolso, mas não refletem que uma imprudência pode resultar na morte”, afirma.

5 mil acidentes em 2024

Outro ponto de alerta é o alto índice de acidentes ocorrido neste ano. Conforme Isabela Mendonça, chefe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) do início do ano até o dia 20 de maio, o Samu atendeu 5 mil acidentes em Campo Grande. Embora a maioria dos acidentes envolvesse carros, as principais vítimas eram motociclistas. Enquanto o Corpo de Bombeiros contabilizou uma média de dez ocorrências por hora em MS, sendo cinco com vítimas, segundo o coronel Waldemir Pereira Junior.

Andreia Amorim, diretora do setor de educação para o trânsito do Detran-MS, destaca que a campanha teve um foco especial na questão dos motociclistas, justamente por serem os mais vulneráveis.

“Esse público é o que mais se expõe no trânsito. Enquanto os carros oferecem uma proteção adicional, como airbags e carroceria, na moto a proteção é basicamente o corpo do próprio motociclista. Não há airbags nem lataria para absorver o impacto, por isso, são os mais propensos a sofrerem graves traumas e lesões irreversíveis, ou mortes em caso de acidentes”, explica.

Diretora da Santa Casa de Campo Grande, Alir Terra Lima, destaca que, devido ao hospital do trauma, a Santa Casa é a principal receptora das vítimas de acidentes de trânsito, por isso, a alta de acidentes afeta diretamente o cronograma de cirurgias eletivas.

“Às vezes, as pessoas reclamam que suas cirurgias foram reagendadas devido a emergências, mas é importante entender que isso acontece para salvar vidas. As pessoas que cometem infrações precisam se conscientizar de que os prejuízos não se restringem ao acidente em si, mas também geram danos financeiros para outras pessoas”, afirma.

Maio Amarelo

Maio Amarelo
Campanha encerrada na sede do Detran-MS (Karina Campo, Midiamax)

Criado em 2014 pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, o Maio Amarelo visa chamar a atenção para o alto índice de acidentes no trânsito. Na sua 11ª edição, a programação incluiu ações educativas em escolas e abordagens informativas em vias centrais, bairros e cruzamentos perigosos da Capital.

Neste ano, o saldo parcial da campanha foi de 1.467 pessoas atendidas em 20 ações realizadas pelo Prossegue. Entre as iniciativas estão o ‘Detran atende empresas’, ‘Detran vai às escolas’, ‘Detran idoso’ e ‘Amigos do Parque’. Também houve ações em universidades

Tenente-coronel do BPTran (Batalhão da Polícia Militar de Trânsito), Carlos Augusto Regalo, destaca que a expectativa é que a campanha tenha um impacto significativo na redução de acidentes. Segundo ele, de março para abril deste ano, houve uma queda de 10% nos acidentes, comparado ao mesmo período do ano passado.

“Esperamos que essa redução seja ainda maior, considerando especialmente as mudanças climáticas. No frio, as pessoas tendem a sair menos de casa, o que naturalmente resulta em menos veículos nas ruas e, consequentemente, em menos acidentes de trânsito”.

Encerramento contou com documentário e teatro

Maio Amarelo
Peça teatral (Karina Campo, Midiamax)

Além de palestras, a cerimônia que marcou o encerramento da campanha contou com o lançamento de um vídeo documentário realizado em colaboração com a Santa Casa de Campo Grande, Corpo de Bombeiros e Samu.

O público também teve a oportunidade de assistir a uma peça teatral interativa, conduzida pelo ator Roberval Cunha. Sentado em uma cadeira de rodas, o artista narrou um acidente no qual havia perdido a namorada e ficado paraplégico. Contudo, apenas no final da peça, o público era informado de que, apesar de real, a história não se tratava da vida do ator.

O encerramento do Maio Amarelo contou com a presença de representantes do Estado e dos Municípios, da Santa Casa, presidentes de bairros, representantes de igrejas, CFCs (Centros de Formação de Condutores) e empresários do ramo de vendas de motos e carros.

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