Nesta terça-feira (20), Gabrieli do Prado Lopes viveu momentos de desespero após o rompimento de barragem no loteamento de luxo Nasa Park – que fica entre Campo Grande e Jaraguari. Ela mora com a família em uma residência rural, mas não estava no local. Após saber da tragédia, ficou sem notícias dos filhos, que estavam em uma das casas atingidas pela enxurrada de água e lama.

“Estava na cidade e demorei quase duas horas para ter notícias dos meus filhos. Não sabia se eles tinham conseguido sair. Isso é uma negligência enorme. Estava todo mundo achando que iria morrer afogado”, relata.

Após o rompimento da barragem a água escoou. Trecho da BR-163, entre os km 500 e 501, foi completamente tomado por água e lama. O local ficou interditado nos dois sentidos e só foi liberado em sistema pare e siga, por volta das 13 horas.

“Eu não conseguia chegar até meus filhos e ninguém tinha notícias. Agora sei que estão bem, mas minha filha está traumatizada”, afirma.

Gabriele mora na região há 33 anos. Ela e a família perderam tudo na tragédia ocorrida nesta manhã. “Quero ser ressarcida das coisas que a gente perdeu. Isso não é justo. A gente trabalhou e pagou para ter. Perdemos criação, eletrodoméstico, documentos, tudo”, enfatiza.

Rompimento de barragem

Com o rompimento, a água escoou e destruiu casas próximas. Até o momento, não se sabe a quantidade de residências atingidas e não há informações sobre vítimas.

Equipes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e CCR MSVia foram acionadas e estão no local. Ainda não há informações se o rompimento traz algum risco de contaminação de córregos. A Águas Guariroba garantiu que o problema não afetará o fornecimento de água em Campo Grande.

Uso do lago era cobrado

Conforme relatos, o lago pertence a um empresário que não mora no condomínio de luxo e impôs taxa para uso da represa. O uso era permitido após o pagamento de um boleto mensal de R$ 400, no qual o jet ski do proprietário já era vinculado e, assim, garantia o livre acesso ao local.

Ainda de acordo com relatos, o local pertence ao município de Jaraguari e os moradores pagam somente IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). O loteamento não tinha licença atualizada, segundo informou o Corpo de Bombeiros.

O Jornal Midiamax tentou contato com a empresa que administrava o lago, agora seco, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

Represa rompeu nesta terça-feira (20) (Foto: Alicce Rodrigues, Midiamax)