A unidade da JBS do bairro Nova Campo Grande – região oeste de Campo Grande – pode não ter licença renovada caso não cumpra medidas para resolver o fedor exalado aos moradores vizinhos no prazo de 60 dias. A definição foi tratada em reunião entre representantes do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e vereadores, na manhã desta sexta-feira (17).
Conforme informações repassadas para a reportagem do Jornal Midiamax, após fiscalização dos vereadores ao local, ficou constatado que manutenções básicas poderiam resolver ou ao menos amenizar o problema do fedor no bairro, que persiste há cerca de 14 anos. Ajustes na chaminé, manutenção em filtros e melhorias no sistema de controle de odores, por exemplo.
Ultimato
Agora, a JBS tem 60 dias para implementar as adequações, que estão entre as exigências do Imasul para renovar a licença ambiental. “Vamos Alinhar as exigências porque está em processo de renovação a licença ambiental”, declarou o vereador Coronel Villasanti.
Ainda conforme o vereador, a JBS estaria ciente já do que é necessário para resolver o problema. “Todas essas fiscalizações que já aconteceram, algumas coisas ainda não resolveram, mas eles já sabem o que é o problema que causa o mau cheiro, então fica mais fácil de resolver”, pontuou.
A assessoria da JBS foi procurada pela reportagem para se posicionar sobre as exigências, mas ainda não respondeu aos questionamentos. O espaço segue aberto para manifestação.
Além disso, o órgão pode aplicar outras sanções como multas. No entanto, os representantes do Imasul que participaram da reunião não obtiveram autorização da assessoria de comunicação para falar com a reportagem. A assessoria foi acionada para esclarecer detalhes dos pontos discutidos na reunião, mas ainda não respondeu aos questionamentos.
Também participou da reunião a vice-presidente da associação dos moradores do bairro Nova Campo Grande, Fábia Benitez. “Eu acho que a reunião é mais um passo, né? A gente tem a certeza é que que há falhas específicas, que são esses gases. A gente vai estar aguardando aí essa andamento com o projeto e tem 60 dias para poder se adequar. Vamos ficar em cima, pra que esse problema antigo seja resolvido logo”, disse esperançosa de que a JBS possa resolver a situação.
Fiscalização do Imasul já havia confirmado mau cheiro exalado pela JBS
Fiscalização realizada pelo Imasul, em fevereiro, atesta o relato de moradores da região do bairro Nova Campo Grande sobre a emissão de mau cheiro vindo do frigorífico da JBS/SA.
O Parecer Técnico Nº 052/2024, elaborado a partir de vistorias em 17 e 19 de fevereiro deste ano para investigar o fedor, evidencia que a fedentina não dava trégua nem durante a madrugada – como já foi noticiado pelo Midiamax a partir de relatos da população. As fiscalizações também resultaram em uma multa de R$ 100 mil para a planta frigorífica devido ao lançamento irregular de resíduos.
Nem multa de meio milhão de reais barrou mau cheiro no Nova Campo Grande
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Em TAC anterior firmado na unidade da JBS do Nova Campo Grande, a promotoria aplicou multa de 500 mil reais. Nem isso foi suficiente para sanar a situação.
A situação foi denunciada diversas vezes aos órgãos fiscalizadores competentes pelo menos desde 2009. Agora, em 2024, o problema ainda é alvo de protestos de moradores e até de audiência pública para discutir soluções e cobrar resolução da JBS.
O acordo (TAC) foi aditivado quatro vezes, ou seja, foram dadas novas oportunidades para a JBS se adequar às normas ambientais. No entanto, em todas, o MPMS abriu mão da prerrogativa constitucional de judicializar a situação em defesa dos moradores.
Enquanto isso, para os moradores, o fedor sem fim interfere na saúde de crianças e idosos. Além disso, afeta até as vendas do comércio, que amarga queda no faturamento com clientes fugindo da fedentina insuportável para fazer compras em bairros vizinhos.
Solução é conhecida, mas ignorada pela JBS
Além das séries de cobranças dos TACs, audiência pública propôs uma série de soluções que resolveriam o problema, mas que não são aplicadas pela gigante frigorífica.
Audiência pública realizada há cerca de um mês na Câmara Municipal apresentou alternativas para o problema, entre elas: o aumento do cinturão arbóreo em torno da planta frigorífica, revitalização de canos e estruturas em torno do frigorífico, ações sociais para os bairros do entorno, patenteados pelo frigorífico e fiscalizações com maior intensidade por parte dos órgãos (Imasul, Ministério Público e Sesau).
Apesar de ser chamada para explicar a situação à população, na ocasião, a JBS não compareceu. O frigorífico encaminhou um ofício alegando que o encontro “não contemplou outras empresas que igualmente operam na região em questão e possuem potencial contribuitivo relevante para a temática em discussão”. Ministério Público também não se fez presente e não encaminhou representante.