Inteligência Artificial impulsiona e carreira de Físico ganha ‘fôlego’ em Mato Grosso do Sul
Ciência de Dados tem auxiliado físicos em pesquisas e atuação no mercado de trabalho
Priscilla Peres –
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Pela primeira vez, o Brasil comemora o Dia do Físico (19 de maio). A data só se tornou nacional em 2023, a partir de sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e em homenagem ao físico Albert Einstein, que em 1905 definiu a Teoria da Relatividade. Passados 100 anos, agora é a vez da Ciência de Dados e a Inteligência Artificial impulsionarem a carreira do físico.
Contudo, também em 2023 o uso da inteligência artificial no mercado de trabalho ganhou ampla discussão. E para quem é da área da ciência, a tecnologia tem revolucionado a atuação.
No caso dos físicos, inclusive: se até então, a carreira ficava muito restrita à academia, formando pouquíssimos profissionais e destinados a perpetuar o ensino em sala de aula, a inteligência artificial promete uma grande reviravolta.
Em Mato Grosso do Sul, a UEMS e UFMS oferecem a graduação em Física. Na federal, é possível escolher pela licenciatura, bacharelado ou engenharia física. Apesar de a maioria optar pela licenciatura e seguir carreira de pesquisa, há físicos inseridos no mercado de trabalho formal em Mato Grosso do Sul.
Como o caso do físico Guilherme Cioccia Neves, 26, que atualmente faz doutorado e trabalha em uma empresa que presta serviços de Ciência de Dados para a Sefaz-MS (Secretaria da Fazenda). Ele resistiu à licenciatura, se formou bacharel em física e iniciou o uso da Ciência de Dados em suas pesquisas.
Novo mercado para físicos
É senso comum na área da Física que fazer licenciatura é a maneira mais fácil de conseguir um emprego depois de formado, mas Guilherme decidiu resistir no bacharelado e, em 2018, descobriu que poderia haver ‘luz no fim do túnel’.
“Durante minha graduação, participei de uma palestra na UFMS sobre Ciência de Dados ministrada por um físico que trabalhava no banco Itaú, e essa foi a virada de chave para mim. A partir daí, estudei a área de IA e ingressei nos projetos de espectroscopia óptica com inteligência artificial do grupo de óptica e fotônica da UFMS”, conta.
Já com esse perfil, Guilherme entrou em um programa de estágio de uma grande varejista durante seu mestrado. Com experiência na área de dados, ingressou para uma empresa onde realiza análises estatísticas e cria modelos de Inteligência Artificial para auxiliar no serviço de auditores fiscais.
Atualmente, outros três físicos atuam com ele na empresa. “Considero que não só a IA, mas a grande área de Ciência de Dados abriu muitas portas para os físicos no mercado de trabalho, que podem utilizar seus conhecimentos científicos de pesquisa e modelagem de dados em muitas áreas de atuação”, explica Guilherme.
Pesquisa que promove mudança
Para quem é “de humanas”, ao pensar em física uma única imagem persiste: muito difícil. Mas, para quem nasceu com os pés nas exatas, encontrar respostas sobre os fenômenos que nos cercam, pode ser surpreendente.
“Considero que um dos maiores méritos do curso de Física é formar bons cientistas, pessoas capazes de pensar criticamente a realidade”, diz o físico. Mais que isso, Guilherme atua em pesquisas com potencial para promover mudanças significativas na sociedade.
Desde 2020, ele atua em área de pesquisa onde usa modelos de inteligência artificial para classificar amostras de espectroscopia óptica, oferecendo soluções alternativas as que vêm sendo utilizadas há décadas em aplicações como ciências forenses. Com isso, é possível diagnosticar doenças e agronomia.
Outra pesquisa que Guilherme participou demonstrou potencial para reduzir os custos e aumentar a velocidade do diagnóstico de Leishmaniose canina, auxiliando no mapeamento e prevenção da doença
“É difícil de falar de ciência sem considerar o contexto em que vivemos. Existe muita ciência avançada no Brasil, que levam mais tempo para gerar resultados práticos a sociedade, muitas pesquisas são orientadas a solucionar problemas reais enfrentados pela população brasileira. Mas, infelizmente, ainda é necessário diversos incentivos públicos para que essas pesquisas saiam dos muros das universidades e sejam amplamente utilizadas”, conclui.
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