Indígenas da região de Panambi Lagoa Rica, em Douradina, representantes da Aty Guasu, a Grande Assembleia Guarani e Kaiowá, protocolaram no Ministério da Justiça um pedido para desmobilizar o acampamento de fazendeiros na terra indígena. Nesta semana, comitiva do Ministério dos Povos Indígenas esteve na região em busca do fim da violência.

A disputa por terra com sinais graves de violência na região ocorre desde 14 de julho, quando indígenas estenderam a retomada de Guaaroka para uma área de 150 hectares sobreposta à Terra Indígena.

Em reunião com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, nesta semana, indígenas do território mostraram várias capsulas de munições deflagradas e marcas pelos corpos. A situação é tensa na região há cerca de 20 dias e existem denúncias de indígenas baleados por atiradores. Um atirador chegou a ser preso pela Força Nacional e as caminhonetes dos fazendeiros foram revistadas, mas não foram encontradas armas de fogo.

No documento protocolado nesta quinta-feira (08), no Ministério da Justiça, os indígenas têm sofrido vários tipos de violência por parte dos fazendeiros, incluindo, tiroteios, terror psicológico, agressões físicas, derrubada de barracos montados pelos indígenas.

‘Cada um está no seu direito de reivindicar’

“Os indígenas Guarani e Kaiowá vêm apenas requerer as terras tradicionais”, defendeu o líder indígena Xiru, em entrevista ao Jornal Midiamax nesta testa terça-feira (6), na Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, onde ocorrem conflitos por áreas rurais, em Douradina. 

Xiru conta que os povos originários já estavam na região antes mesmo da implantação da Colônia Agrícola de Dourados, na época de Getúlio Vargas. Por isso, hoje, apenas requerem uma área que já era utilizada por seus ancestrais. 

“Ninguém motivou (essa ocupação de terra agora). Essas ideias já vêm com a história do tataravós, a história de nossa avó, nosso tio mesmo. Ninguém motivou”, completou Xiru.

Conversa com produtores rurais

Em conversa com produtores rurais e indígenas nesta terça-feira, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, defendeu a cultura ancestral e explicou motivações culturais que envolvem as atitudes dos indígenas no local.

Representantes desses povos alegam que produtores rurais estariam zombando das músicas e danças praticadas por eles na terra ocupada.

“Quando eles dançam e adentram ali em mais uma área cantando, isso não é uma provocação. Você precisa entender, isso não é uma provocação, isso é cultural, isso é da cultura dos povos indígenas”, afirmou a ministra aos produtores. 

Esse grupo é formado por pequenos produtores rurais. Em média, o tamanho das propriedades é de 30 hectares.