Há 25 anos, servidores fazem história na Central de Transplantes de MS

Desde a criação, foram realizados mais de 4,7 mil transplantes no Estado

Karina Campos – 26/08/2024 – 10:29

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Reforçar importância da doação de órgão é lema de campanhas (Divulgação, CET)

A CET-MS (Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul) comemora em agosto seus 25 anos de atuação. Desde 1999, a instituição marca a trajetória de dedicação, inovação e esperança em resposta à demanda por transplantes de órgãos.

A instituição tem a missão de coordenar todas as atividades relacionadas à doação, captação e transplante de órgãos e tecidos, além de prestar assistência aos pacientes em fila de espera. Célia Cristina Moro Medina Lopes, gerente de Acompanhamento e Controle de Doação/Transplantes de Órgãos, Células e Tecidos, é a primeira servidora da unidade, como parte do quadro de funcionários da Central juntamente com um médico.

“Ocupávamos uma pequena sala no 5º andar da Santa Casa de Campo Grande. Já em agosto de 1999, a CET foi autorizada para funcionamento pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, nesta época éramos três profissionais atuando na Central de Transplantes. Enfrentamos e vencemos diversos desafios, cumprindo a nossa missão e sempre tendo como objetivo prestar um serviço de excelência aos pacientes que aguardam na fila por um transplante, aos familiares dos doadores de órgãos e tecidos e a população em geral, buscando sempre a melhoria do serviço prestado”.

Foram diversas campanhas ao longo do ano em parceria com hospitais e a mobilização de profissionais de saúde, assim, ampliando a conscientização da população para a importância da doação de órgãos.

Claire Carmen Miozzo, coordenadora da CET-MS, explica que os transplantes são possíveis graças às famílias enlutadas que expressam a solidariedade em sua forma mais pura, através de um comprometimento emocional e social em assistir desconhecidos.

Célia Cristina foi a primeira servidora e Coordenadora da CET, Claire Carmen Miozzo

Ao todo, foram realizados no Estado: 19 transplantes de coração, 3.886 transplantes de córneas, 1 transplante de fígado, 762 transplantes de rim, 64 de tecido músculo esquelético e 10 transplantes de medula óssea autogênico.

“Um dos maiores desafios é aumentar o número de doadores de órgãos e tecidos para transplantes. Temos uma negativa familiar bastante expressiva, temos que orientar, esclarecer e divulgar para a população o processo de doação e transplante no nosso estado, para que as famílias entendam a importância de dizer SIM a doação de órgãos e tecidos, e dar uma nova chance para quem está na fila única aguardando um transplante de órgão e/ou tecido”, destaca Claire.

Nova qualidade de vida

Josiane Pereira Lima, servidora pública, recebeu uma nova oportunidade de vida. Desde os 13 anos, ela convive com uma alteração nas córneas chamada Ceratocone, que trouxeram desafios significativos para sua visão.

“Graças ao trabalho diligente e à dedicação dessa equipe, minha qualidade de vida e independência melhoraram de maneira notável. Embora as dificuldades visuais na escola tenham sido amenizadas com cirurgias e o uso de lentes corretivas, a verdadeira transformação em minha vida aconteceu com a oportunidade de receber um transplante de córnea. Após três transplantes de córneas e com a perspectiva de um próximo, posso falar com conhecimento de causa sobre a qualidade do trabalho realizado pela Central de Transplantes”.

Eliete recebeu transplante de fígado no estado do Paraná e Josiane aguarda por um novo transplante de córnea

Eliete Gonçalves também é uma paciente que recebeu um transplante. Aos 45 anos, descobriu que teria que entrar na fila para transplante de fígado. A época, o Estado ainda não realizava o procedimento, mas recebeu todo o suporte necessário dispensado pela instituição até o momento em que foi inserida na fila para transplante de fígado do Paraná.

“Para quem está doente, eu acho que nunca deve desanimar, tem que lutar até conseguir realizar o transplante. E para as famílias que fazem esse gesto de amor tão grande, que em um momento de dor, ter uma atitude como essa, não tem preço, não tem como pagar porque só Deus mesmo para cuidar dessa família. Doação salva vidas e muitas vidas de pessoas novas, mais velhas e que poderiam, se houvesse mais doações, se as pessoas fossem mais esclarecidas como acontece em Curitiba, aqui poderíamos salvar muito mais vidas. Às vezes, o órgão não permanece aqui no estado, mas ele vai salvar a vida de alguém em outro estado”.

O médico transplantador de córneas credenciado pelo Ministério da Saúde, Marcos Rogério Mistro Piccinin, trabalhava no Banco de Olhos quando auxiliou na estruturação da Central, agilizando a fila de pacientes aguardando.

Médico transplantador e parceiro da CET/MS, Marcos Rogério Mistro Piccinin
Médico transplantador e parceiro da CET/MS, Marcos Rogério Mistro Piccinin

“Em 2010 fomos o primeiro estado do país a conseguir zerar a fila de transplantes de córnea e foi uma felicidade, porque de 2010 até 2017 a nossa fila era ‘0’, praticamente todos os pacientes que chegavam para fazer transplantes de córnea eram transplantados quase que imediatamente, às vezes mal saía da consulta e já tinha córnea disponível para disponibilizar para o paciente realizar o transplante de córnea. Então a CET/MS sempre foi muito parceira. O trabalho que eles realizam aqui no estado é algo que não vemos acontecer em qualquer outra central de transplantes pelo Brasil afora”, enaltece.

A SES (Secretaria Estadual de Saúde) descreve que a lista de espera por transplantes ainda é uma realidade para muitos e a Central enfrenta o constante desafio de equilibrar a demanda crescente com a disponibilidade limitada de órgãos.

“Quem trabalha com transplante aprende de maneira definitiva que não há nenhuma atividade que agregue tanta qualificação do hospital que se propõe ao desafio, nem nenhum exercício profissional que coloque o médico em contato tão direto e permanente com o sofrimento, a proximidade da morte, a esperança, a generosidade e a superação. Durante todos esses anos, a CET/MS enfrentou e venceu vários obstáculos e dificuldades, sempre com o propósito de prestar o melhor atendimento aos pacientes que aguardam em fila de espera por um transplante”, completou Claire.

Transporte de órgãos em aeronave da Casa Civil para pacientes em Brasília, no Distrito Federal

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