O acesso a recursos básicos para a sobrevivência ainda é um grande gargalo para a maioria das comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul. Na semana de comemoração ao dia dos povos indígenas, a superintendência do no Estado elencou, em ofício, a necessidade de atuação urgente nas aldeias de Mato Grosso do Sul.

Em ofício encaminhado a autoridades da saúde indígena, a superintendência destacou que 40% das unidades de saúde indígena de Mato Grosso do Sul precisam de adequações estruturais urgentes. Atualmente, são 84 unidades de saúde para atender a população indígena de 116.300 pessoas, distribuídas em 84 aldeias e 30 ocupações em áreas de retomada.

“O atual modelo de assistência à saúde da população indígena é ineficiente, ineficaz e extremamente oneroso. É de extrema necessidade estruturar de forma adequada a assistência aos povos indígenas e superar o atual modelo, que no decorrer de muitos anos, mesmo com a aplicação milionária de recursos não foi capaz de promover saúde”, afirma trecho do ofício assinado pelo superintendente Ronaldo Costa.

O escritório regional do Ministério da Saúde defende a contratação de servidores para compor o quadro do DSEI em Mato Grosso do Sul, bem como a necessidade de elaboração de estratégias para garantir assistência à saúde, acesso à água potável e alimentação saudável e de qualidade às comunidades indígenas.

Documento destaca necessidade do básico para indígenas

Comunidades indígenas vivem sem acesso à saúde básica, porém, mais que isso, também falta água potável e alimentação de qualidade nas aldeias de Mato Grosso do Sul. Documento da superintendência do Ministério da Saúde afirma que a estrutura da saúde indígena está sucateada e faltam servidores, equipamentos e tomada de decisões efetivas.

Em relação à água, apesar de 126 poços artesianos perfurados em comunidades, a falta de técnica e imbróglios influenciam para que não haja oferta de água potável e de qualidade aos indígenas. A superintendência sugere reestruturação na definição de quem deve executar cada etapa, bem como a centralização de recursos federais em um órgão, para resultados efetivos.

“É preciso assumir as prioridades, que são urgentes para garantir água, alimento e atenção à saúde para os povos originários, e organizar e desenvolver as ações, pois toda a estrutura necessária já está existente, e pode precisar de aprimoramento, mas já está existente e pode começar a produzir resultados imediatamente”, afirma o superintendente Ronaldo Costa.

O documento ainda propõe a criação de um CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial Volante) para atender a população indígena no âmbito de transtornos mentais, bem como estudos sobre a consequência da exposição dos povos indígenas aos agrotóxicos.

Por fim, destaca que a situação de comunidades indígenas que vivem em conflito pelo território e expostas à restrição de necessidades básicas, leva à perda da chance de exercer práticas tradicionais de sobrevivência. Os povos indígenas, ainda sem acesso à de qualidade e fácil acesso ao álcool e drogas, estão mais vulneráveis ao aumento da violência e doenças mentais.