Formiga caindo do céu? Entenda o fenômeno da revoada das saúvas em Campo Grande
Em Campo Grande, revoada aconteceu neste final de semana
Osvaldo Sato –
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A chegada das chuvas marca um evento curioso e fascinante na vida das saúvas (do gênero Atta): a revoada das formigas aladas, um espetáculo natural que envolve o acasalamento em pleno voo entre os bitus (machos) e as princesas (fêmeas). O fenômeno é notado em todas as regiões do país onde as formigas do gênero atta vivem, incluindo Campo Grande, onde o fenômeno se iniciou na sexta-feira (25).
Em diversas partes da cidade, pode-se verificar o chão repleto de formigas machos – mortos após o processo de acasalamento. É o caso da região visitada pela equipe do Jornal Midiamax, no bairro Portal do Panamá, região oeste de Campo Grande.
Na beira do córrego que margeia a avenida José Barbosa Rodrigues, são centenas de novos ninhos de saúvas, em processo de construção. Pelo chão, se nota a quantidade de animais mortos.
Do outro lado da rua, a moradora Darlly, que reside no local há quatro anos, diz não se incomodar demais com a ‘revoada das saúvas’. “Aqui começou no final de semana e você pode ver que na área há bastante formiga, mas não me incomodo não, o único incômodo é com a limpeza mesmo”, destacou.
Revoada é formada para acasalamento da espécie
A bióloga Vivian Ayumi Fujizawa Nacagava, doutoranda pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), explica que esse comportamento é essencial para a perpetuação da espécie e dá origem a novas colônias.
Segundo Vivian, a revoada das saúvas acontece anualmente no início da estação chuvosa. “Essas formigas aladas deixam os ninhos para acasalar no ar e formar novas colônias. Logo após o acasalamento, os machos morrem, enquanto as princesas retornam ao solo, cortam suas asas e iniciam a construção de novos ninhos”, relata. Essas novas rainhas são as responsáveis por estabelecer colônias e perpetuar o ciclo das saúvas.
As espécies mais comuns desse gênero na cidade são a Atta laevigata e a Atta sexdens. A Atta sexdens em alguns lugares é chamada de saúva-limão, porque ela tem cheiro que lembra o capim-limão. Já a Atta laevigata também é chamada de saúva-cabeça-de vidro, porque a operaria maior dela tem a cabeça lisa e brilhante.
Durante a revoada, as operárias – aquelas formigas menores e sem asas, responsáveis por cortar folhas e transportar material para os ninhos – ficam mais ativas para proteger os machos e princesas. Isso pode resultar em incômodos para a população.
“Se alguém passar perto de um ninho em dia de revoada, pode acabar coberto de formigas”, comenta a bióloga. “Elas mordem, mas não possuem ferrão nem veneno, por isso não oferecem risco à saúde.”
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Cultura alimentar
Um aspecto intrigante da vida das saúvas é a sua relação com fungos. Nacagava esclarece que essas formigas não consomem diretamente as folhas que carregam. “Dentro do ninho, as folhas são utilizadas para cultivar um fungo, que é o alimento principal da colônia. Cada nova princesa leva consigo um pedacinho do fungo da colônia de origem para iniciar o cultivo em seu novo ninho.”
Por outro lado, elas próprias são utilizadas para a alimentação humana, principalmente as ‘tanajuras’, como são conhecidas popularmente as formigas-rainhas. A doutoranda comentou sobre a tradição, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
“Nesses lugares, é comum o consumo de tanajuras fritas, principalmente durante a revoada. Elas são preparadas com alho e cebola ou transformadas em farofa.” Há ainda uma vertente mais recente da gastronomia que valoriza o uso de saúvas como iguaria, inclusive em restaurantes sofisticados de São Paulo inserindo as formigas em seus pratos.
Contudo, Vivian destaca que essa prática não é comum no Mato Grosso do Sul. “Aqui, eu nunca vi essa tradição alimentar. Em algumas regiões de São Paulo, isso era mais comum antigamente, mas, hoje em dia, já não é tão frequente.”
Por fim, vale ressaltar que o bioma do Cerrado favorecem as espécies de formigas e estas formam a base da cadeia alimentar para vários grupos da fauna. A ausência de grandes predadores em ambientes urbanos (como tamanduás) pode explicar, em parte, a abundância de formigas na cidade de Campo Grande.
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