O Rio Grande do Sul enfrenta a pior tragédia causada por enchente da história, com mais de 581 mil desalojados. Neste momento de solidariedade, cada canto do Brasil se mobilizou para ajudar famílias atingidas. Em Campo Grande, o CTG (Centro de Tradições Gaúchas) Tropeiros da Querência arrecadou quase duas mil toneladas de doações em 16 dias de força-tarefa.

A organização divulgou nesta segunda-feira (20) um balanço sobre as doações arrecadadas e distribuídas desde o dia 4 de maio. O presidente do CTG, Mario Carvinato, diz que 27 cidades gaúchas foram atendidas pelas doações campo-grandenses.

Durante o período, em média, cerca de 100 a 200 voluntários prestaram o trabalho por dia, sendo que chegaram a 500 pessoas em um dia para ajudar no recebimento, triagem e carregamento das caixas com roupas, sapatos, ração de pets, cobertores e outros itens essenciais.

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Voluntários e militares do Exército auxiliam na triagem (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Carvinato se emociona e diz que o espaço chegou a ficar pequeno diante da quantidade de doações nos últimos dias. A primeira carreta foi levada para a cidade de Cachoeirinha e a recente para Portão.

“Ninguém faz nada sozinho, não faríamos sem os voluntários que brotaram e ficaram à disposição. Cada doação foi tratada com muito carinho. Acredita que alguns tenham tido descuido ou falta de zelo, por exemplo, lá as pessoas estão com dificuldade de energia, de água (…) como vão usar uma roupa suja?”, descreve.

Diante disso, as peças descartadas para doação para famílias do Rio Grande do Sul, por exemplo, rasgadas, desgastadas ou sujas, serão encaminhadas para instituições carentes locais da Capital, que vão fazer a curadoria e, posteriormente, ficarão à disposição para os bazares tradicionais dessas instituições.

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Espaço ficou pequeno para tanta doação (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Mais de 44 caminhões carregados

O Claudio Cavol, presidente do Setlog-MS (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul) contabiliza mais de 44 caminhões carregados com os donativos. No início, 10 carretas foram previstas para o voluntariado, entretanto, a solidariedade ampliou a ajuda.

“São mais de 25 empresas filiadas que estão prestando apoio para as cidades atingidas. Teve cidade em que os moradores foram nos receber no trevo de entrada, aplaudindo e agradecendo. No caminho, tivemos dificuldade por conta das barreiras caindo, passagem interrompida e estrada fechada, mas chegamos com toda demanda”.

Doações reduzidas

Carvinato ressalta que o voluntariado e as doações reduziram nos últimos dias, o que era esperado, já que as pessoas precisavam retornar para a rotina de trabalho. Atualmente, o espaço conta com 70% de voluntários, comparado ao ápice de trabalho nas primeiras semanas.

“Vamos continuar recebendo as doações. Por conta da redução nas entregas e no número de voluntários, vamos estudar essa semana um horário fixo para a entrega das doações, pois o CTG tem despesas, fazemos os almoços e aluguel do espaço. Nesses 16 dias também tivemos aumento no gasto da conta de luz e água. Empresários se comprometeram a ajudar, mas precisamos avaliar o horário de atendimento”.

Sacolas com doações para entidades de Campo Grande (Alicce Rodrigues, Midiamax)

O que doar?

A triagem é essencial nos espaços, diante das doações que são “descarte” e não doação para as famílias. Ao doar, a regra é pensar: “Eu gostaria de receber isso?”

Também são recebidos fitas adesivas e caixas de papel para inserir os itens.

Estão sendo arrecadados

  • Água mineral
  • Itens de higiene
  • Roupas em bom estado
  • Ração para pet
  • Roupas e cobertores para pet
  • agasalhos
  • alimento não perecível