A chuva forte dessa quinta-feira (4) novamente causou muitos estragos, em diferentes regiões de Campo Grande. Na manhã desta sexta-feira (5), a reportagem do Midiamax foi até a casa, na Rua Ponta Grossa, bairro Maria Aparecida Pedrossian, na saída para Três Lagoas, onde os moradores enfrentaram horas de pânico.

O professor Alexandre Espíndola estava no local desde o início da manhã de ontem e, durante o temporal, foi contabilizando os prejuízos.

“Aqui não sobrou nada, nem roupa pra vestir, peguei emprestado do meu irmão”, falou o professor. A casa, que foi comprada há pouco mais de ‘um mês' foi completamente tomada por muito barro. Para ter uma ideia, as marcas da lama na parede passaram de ‘um metro' e atingiram até a pia do banheiro.

(Alicce Rodrigues, Midiamax)

O quintal, que era verdinho da grama, ficou todo marrom de tanto barro. A força da água ainda provocou uma cratera por baixo do muro e um ‘pneu de caminhão' (levado pela enxurrada) passou por baixo do buraco e foi parar dentro do quintal. Alexandre passou a noite na casa de familiares, mas eles tiveram que dormir no chão, por falta de espaço. “Sou pai de duas filhas, de 3 e 7 anos, reclamo bastante da situação, mas agradeço a Deus por não ficar desamparado, pois tenho família e amigos, porém não é mesma coisa que na casa da gente”.

Sonho que virou pesadelo

“É um abalo emocional muito grande, o sonho da nossa primeira casa, que construí junto com minha esposa, mas agora o sonho está todo comprometido”. Alexandre informou que agora está no meio de um pesadelo, pois está procurando casa para alugar. Se ele não conseguir solução na Caixa Econômica Federal, vai ter que arcar com os gastos do financiamento e, ainda, de um novo aluguel.

Professor Alexandre. Foto: Alicce Rodrigues, Midiamax.

“Mas a questão material não seria o maior problema, e sim o lado emocional. Minha mulher teve que dormir em um hospital de tão abalada emocionalmente que estava. A gente que é adulto até entende, mas e as crianças? Minhas filhas queriam as coisas delas, como os brinquedos que ganharam no e até mamadeira, mas nem voltar pra casa a gente conseguiu, porque perdemos tudo”.

Problemas já eram conhecidos nas imediações

Alexandre, entrou em contato com um advogado para ter orientações sobre como reagir diante da situação caótica. Falou que vai procurar também a Caixa Econômica Federal, que financiou a residência, em buscas das informações sobre o seguro do imóvel. E afirmou que vai pedir para o advogado entrar em contato com o construtor também.

“Isso porque o construtor se comprometeu apenas em fazer a limpeza do local e trocar a porta da casa, que foi destruída com a força da água e pintar novamente a residência. Mas somente isso não basta, é um problema de estrutura, pois é só vir outra chuva forte e tudo isso vai acontecer novamente”, confirmou Alexandre.

(Foto: Alicce Rodrigues, Midiamax)

O entrevistado falou que o construtor já sabia do problema, porque outros vizinhos já tinham enfrentado a mesma situação. O professor comentou também que ele já tinha ido até à Caixa, quando soube do problema na casa de um vizinho. “Cheguei a falar também com o construtor para chamar um engenheiro, pra fazer uma avaliação da casa e provar que a residência tinha segurança, mas o construtor não fez o procedimento”.

Outra moradora por ali confirmou os problemas de alagamento na região, como Neide Benitez, que mora há 6 anos na mesma rua. “Eu vi a hora que a água arrebentou o portão e começou a descer com todas as coisas dele (Alexandre) abaixo”, citou a moradora. Ela ainda disse que esse é um problema de vazão da água, que estaria vindo do Noroeste e que já tinha visto o problema antes mesmo do morador comprar a casa.

De acordo com Neide, vizinhos das residências vazias, que estão à venda, também viram os imóveis tomados por muito barro com a chuvarada de ontem. Na manhã desta sexta-feira (5), funcionários da (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) estão trabalhando na limpeza e manutenção, na via acima da casa do professor Alexandre, na Guarapuava. 

Com informações do repórter Clayton Neves.