“Perdi minha perna em um acidente de moto, em 2009. Depois que isso aconteceu, entendi a necessidade da vaga de estacionamento para PCD (Pessoa com Deficiência) e idosos”. O relato é de Joel Faustino, que tem uma perna amputada, participando da ação “Essa vaga não é sua”, do calendário do Maio Amarelo, para conscientização de um trânsito seguro.

Joel, que jamais imaginou precisar de uma vaga para PCD, reforça que condutores devem lembrar que a empatia no trânsito vai refletir em harmonia. O grupo realizou a ação na Rua 14 de Julho, próximo à Avenida Afonso Pena, no Centro de Campo Grande, na manhã desta sexta-feira (10).

“Depois que isso aconteceu, de eu perder uma perna, acreditei que tudo havia acabado. Eu me apeguei a Deus, consegui dar a volta por cima. Hoje, entendo a necessidade de uma vaga para idosos, para PCD. Muitas vezes, você chega e vê uma pessoa que não precisa ocupando o espaço. Mesmo com a multa cara e os pontos na carteira, ainda assim não entra na cabeça das pessoas”, lamenta.

(Alicce Rodrigues, Midiamax)

Ana Lucia Serpa, cadeirante, exemplifica dizendo que a vaga destinada para o público com baixa mobilidade também é uma questão de saúde pública, pois estão localizadas em locais estratégicos.

“A vaga para PCD e idoso são maiores, têm saída facilitada, têm rampa para descer a cadeira de rodas, não são vagas aleatórias. No Centro de Campo Grande, já são poucas vagas. Pergunto: ocupar a vaga você quer, e ser cadeirante, quer também?”

A cadeirante Suzana Vieira vivencia episódios frequentes onde os condutores “folgados” ocupam a vaga ligando o pisca alerta. “É visível que a pessoa não precisa da vaga. Sempre dizem que é só por uns minutos. Quando não há vaga, precisamos procurar uma mais longe, sem mobilidade. É preciso lembrar que estamos aqui e, no futuro, a pessoa também pode precisar”.

(Alicce Rodrigues, Midiamax)

Maio Amarelo

A campanha do Maio Amarelo envolve o trabalho de órgãos públicos para educação no trânsito. Mato Grosso do Sul participa anualmente do projeto que chega a 32 países em prol da conscientização entre os condutores.

Ivanise Rotta, especialista em educação no Trânsito, diz que o tema deste ano foca na paz no trânsito. “A paz no trânsito começa por você. Como a gente faz a paz? Um dos movimentos é respeitar a vaga para pessoas com deficiência ou idosos. Há um conjunto de fatores, pois a pessoa que estaciona em uma vaga especial é a mesma que dirige com o celular na mão, que fura sinal e abusa da velocidade”.

Segundo ela, as campanhas orientativas têm refletido no número de mortes no trânsito. Em 2012, cerca de 132 pessoas perderam a vida no trânsito de Campo Grande. A estatística cai para 58 no ano passado e 24 em 2024, sendo 20 motociclistas.