Em meio à seca histórica, descarte incorreto de cigarros contribui para intensificar incêndios

Prática comum em Campo Grande, o descarte incorreto de cigarros, combinada ao mato seco, propicia o surgimento de incêndios

Lethycia Anjos, Clayton Neves – 02/09/2024 – 11:51

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Cigarro
Cigarro (Ana Laura Menegat, Midiamax)

Mato Grosso do Sul enfrenta um período de seca histórica, o que tem intensificado os incêndios tanto em áreas urbanas quanto rurais. No mês de agosto, foram registrados 4.648 focos ativos de incêndio, o dobro do ocorrido em junho. Em meio a essa situação crítica, as ações individuais fazem a diferença; por exemplo, uma simples bituca de cigarro pode desencadear um incêndio.

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Conforme o CBBMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul), é comum que motoristas joguem as bitucas, ou seja, pontas de cigarro, pela janela do veículo ao trafegarem pelas estradas e rodovias. Contudo, esta prática, aliada à baixa umidade típica deste período, faz com que uma vegetação seca se incendeie com maior facilidade.

A causa mais frequente dos focos de incêndio em vegetação, amontoados de lixo e madeira é o ato incendiário provocado pela ação humana. De acordo com o CBBMS, muitas vezes, as pessoas utilizam o fogo para a limpeza de terrenos e pastagens, o que contribui significativamente para o aumento dos focos.

Descarte irregular virou hábito

Cigarro
Cigarro jogado no chão (Ana Laura Menegat, Midiamax)

Nas ruas de Campo Grande, o descarte indireto de cigarros é visível. Apesar das lixeiras espalhadas pelo centro da cidade, encontrar bitucas nas ruas e até nos canteiros se tornou algo rotineiro.

Para Saulo, de 62 anos, jogar bitucas no chão é um hábito que ele nem se preocupa em esconder. Fumante há 42 anos, ele reconhece os problemas dessa prática, mas justifica seu comportamento.

“Na rua, não tem como fugir disso. Virou um hábito. Sei que polui, mas fumo para me divertir. No entanto, sempre tomo cuidado e evito jogar perto de mato seco, pois sei que isso pode gerar incêndios”, relata.

Ronaldo da Silva, fuma desde os 12 anos, hoje ele tem 38, mas garante que sempre realiza o descarte correto dos cigarros usados. “Raramente faço descarte inadequado; sempre procuro um local certo. Sei que uma bituca de cigarro pode provocar um incêndio, por isso sempre tenho esse cuidado”, afirma.

Cigarro
(Ana Laura Menegat, Midiamax)

No Ponto Taxi, localizado no canteiro da Avenida Afonso Pena, fumar cigarros se tornou uma proibição. O mototaxista Everton dos Santos explica que o ponto é compartilhado com outros 14 trabalhadores, e a regra foi estabelecida para manter a limpeza e a segurança do local.

“Quem quer fumar tem que ir para o outro lado. Jogar bitucas fora da lixeira é um comportamento de fumante mal-educado, deixa a cidade suja e aumenta o risco de queimadas. Uma ponta acesa no mato seco pode, sim, provocar um incêndio”, diz.

Cigarro
(Ana Laura Menegat, Midiamax)

No entanto, Everton acredita que as queimadas recentes não têm relação com esse problema e que muitas vezes ocorrem pela queima intencional de lixos e entulhos.

‘Hábito cultural’

Para Sara Fuzaro, de 21 anos, o descarte irregular de cigarros é um comportamento cultural comum entre os campo-grandenses. Embora tenha parado de fumar há cinco anos, Sara observa diariamente pessoas jogando bitucas pelas ruas.

“Na minha própria família, a maioria fuma e vejo eles jogando bitucas em qualquer lugar. Tenho um filho pequeno e fico com receio que ele possa pegar uma e se queimar”, diz.

Queimada é crime

Fumaça encobre a região
Fumaça encobre a região (Leitor Midiamax)

Atear fogo em entulhos, matagal ou outro meio de propagação que pode levar a altos índices de fumaça é crime ambiental previsto em Lei Federal, com penalização, como sanções e multas que variam entre R$ 3.091,50 e R$ 12.366,00, dependendo a área afetada.

Conforme a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), neste ano mais 22 moradores receberam multas por queimadas urbanas na Capital. Em 2023, houve registro de 107.

Segundo a secretaria, rotineiramente ocorrem vistorias em todas as sete regiões do município. Uma vez identificada a queimada urbana, o proprietário do imóvel recebe multa, conforme o Código de Polícia Administrativa do Município, Lei n. 2909, artigo 18-A.

Como denunciar

A população pode contribuir diretamente, formalizando as denúncias relacionadas às queimadas através da Central de Atendimento, 156. Vale pontuar que a denúncia pode ser anônima.

Sem flagrante – Telefone: 156 ou 153 (segunda a sexta-feira, das 7h30 às 21h, e aos sábados, das 8h às 12h). Também pode ser utilizado o canal digital fala.campogrande.ms.gov.br ou o aplicativo Fala Campo Grande.

– Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e Proteção ao Turista: Rua Sete de Setembro, 2421, Jardim dos Estados Telefone: 3325-2567 (plantão 24 horas).

Com flagrante – Guarda Civil Metropolitana – Telefone: 153 (plantão 24 horas).

Fogo em terrenos sem autorização ambiental – Batalhão de Polícia Militar Ambiental – Telefone: (67) 3357-1501 ou 190.

Ocorrência de incêndio – Corpo de Bombeiros Militar – Telefone: 193.

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