O que era para ser um momento de lazer para o pequeno Thor, um cãozinho da raça Spitz alemão de 3kg, se transformou em morte trágica em um hotel para animais localizado no bairro Parque São Carlos, na cidade de Três Lagoas, a 325 quilômetros de Campo Grande. Thor morreu por perfuração no crânio após ser mordido por outro cão, da raça Akita. O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da cidade.

De acordo com Amanda Cecilio, tutora de Thor, havia quase 1 mês que o cachorrinho, de 2 anos e 9 meses, frequentava o local uma vez por semana. Ela o deixava lá durante o dia para que ele não ficasse sozinho em casa, enquanto ela estava fora trabalhando. 

Socorro médico 

Às 9h45 uma clínica veterinária da cidade recebeu a informação de que um cão da creche canina estava sendo levado para atendimento e aparentava estar desmaiado. De acordo com boletim da clínica, às 10h o animal deu entrada para atendimento.

O exame clínico feito no animal indicou que ele “estava em midríase (pupila dilatada), sem reflexos fisiológicos, ausculta cardíaca e pulmonar silenciosa, relaxamento do esfincter anal e a pressão arterial no doppler em membro anterior esquerdo e na jugular não foi detectada”. 

O boletim ainda apontou que “ao exame físico não foi encontrado sinal de Cullen (hemorragia interna), nem sinal de Battle (fratura em base de crânio).” 

No entanto, foi encontrada perfuração na cabeça do cachorro. “Foi encontrado em região de osso frontal face direita uma perfuração profunda com afundamento do osso, petéquias (manchinhas causadas por uma pequena hemorragia nos vasos sanguíneos) em conduto auditivo horizontal e vertical da orelha direita. Em face esquerda foi encontrado lesão perfurante superficial em osso frontal, sufusão e hematoma em globo ocular esquerdo do quadrante superior.”

Explicação da hospedaria

“O estabelecimento nunca me informou o que houve e como foi o ocorrido. Falaram que não sabem o que aconteceu. A dona (do local), que nunca conheci e vi, manteve o Akita na hospedaria e me enviou mensagem dizendo que iria estudar o comportamento do mesmo”, conta. “Meu filho pesava 3kg e estava dividindo um espaço com um cão que teria 10 vezes o peso dele”, completa Amanda. 

A tutora deseja que o local seja responsabilizado pelo ocorrido e também fiscalizado para a localização de eventuais irregularidades. “(A empresa) em momento algum demonstrou empatia e cuidado pelo ocorrido e continua deixando os cães menores com os maiores, como nos vídeos (abaixo). E não, não é brincadeira o que esses vídeos mostram”, avalia.

Isso porque, nas imagens divulgadas pelo hotel para cães, é possível notar que animais pequenos convivem com cães de grande porte, e muitas vezes as “brincadeiras” entre eles são mordidas dos maiores nos animais menores. 

O Midiamax entrou em contato com o hotel para cães onde Thor morreu. No entanto, até o fechamento desta matéria a empresa se pronunciou sobre o ocorrido. O espaço segue aberto para considerações. 

Dor da perda

“Meu filho saiu vivo da nossa casa e foi me entregue em um potinho, morto. O Thor é meu filho, meu amor, companheiro e amigo. Ele era a única família que eu tinha, meus pais são falecidos”, compartilha Amanda.

“Ele me tirou de um mundo escuro e sem vida, me tirou de casa, me trouxe a vida. Meu filho foi tirado de mim brutalmente e por descuido, negligência. Só hoje consigo vir aqui para descrever o que aconteceu, só o fato, porque não sei como aconteceu”, desabafa a tutora.

O que diz o CRMV

A tutora formalizou denúncia junto ao CRMV-MS (Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul). De acordo com o órgão, a queixa está sob análise do setor da fiscalização e um parecer sobre a denúncia é aguardado.