A 20 minutos do Centro de Campo Grande, moradores do bairro Mata do Segredo são obrigados a conviver junto a barro, lixo e entulhos. Este é o cenário de quem passa diariamente pela Rua Viviane Martins Budib. Há anos à espera do asfalto, a situação precária da rua se tornou dor de cabeça aos moradores da região, que ainda precisam se esquivar de buracos na via.

Ao chegar no local, a reportagem se deparou ainda com vários móveis quebrados e restos de colchão, objetos que além da sujeira, atraem insetos e representam risco de água parada. O cenário é ideal para criadouros do mosquito da dengue.

Moradora do bairro há cerca de 8 de anos, a boleira Viviane Eugênio Martines, 31, conta que os problemas na rua são recorrentes. A lama no local já provocou até mesmo o atolamento de uma van escolar em frente a sua residência.

“Ano passado, uma van de crianças que estava indo para a escola atolou aqui. Tivemos que chamar vários vizinhos para ajudar a resolver a situação. É muito complicado, a Prefeitura vem para fazer a patrola só uma vez por ano, e não adianta nada. É só chover que a rua fica repleta de barro de novo”, relata.

Rua do bairro Mata do Segredo em situação precária. (Henrique Arakaki, Midiamax)

‘Quem precisa sair não guarda o carro na garagem’

Viviane conta ainda o drama que os moradores donos de veículos passam para conseguirem guardar o veículo em casa. Seu marido, por exemplo, já teve dois prejuízos ao lidar com os buracos na rua.

“Com o passar do tempo e das chuvas, a rua vai ficando mais baixa e crateras se formam. Meu marido já perdeu dois para-choques tentando entrar aqui na garagem, é um absurdo. Quando eu comprei [a casa] a construtora falou que a nossa rua já estava na planilha de pavimentar em três meses, mas até hoje não chegou. Se eu tenho que sair deixo o carro lá fora”, lamenta Viviane.

Além do lixo e da rua de terra, o terreno ao lado da via está com o mato alto. Nesse sentido, a boleira conta ainda que precisou fazer adaptações em seu portão para frear a entrada de insetos e animais indesejados.

“Aqui dá muito lagarto, aranha, esses dias atropelei uma tarântula bem grande. Por isso, tive que colocar uma tela no nosso portão. Além do barro, tem o terreno baldio, e o povo aproveita para jogar entulho, sofá, lixo, bicho morto, joga de tudo”.

Resto de colchão e lixo marcam a paisagem da Rua Viviane Martins Budib. (Henrique Arakaki, Midiamax)

Sentimento de descaso

A moradora finaliza enfatizando o sentimento após tantos anos convivendo com a rua precária e esperando o asfalto. Ela chama atenção para os altos valores dos impostos cobrados pelo Estado, e para o sentimento de que suas contribuições não retornam como deveriam.

“É um descaso com a gente sinceramente. Eu pago imposto e não é barato, é caríssimo. A gente paga IPTU, paga IPVA e o carro vive dando problema por causa dos buracos. Tá complicado, a chuva prejudica muito a entrada aqui”, complementa Viviane.

Questionada sobre a situação precária da rua, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou que mantém uma programação diária de limpeza e recolhimento de lixo jogado em locais impróprios. Quanto à situação das ruas, a Pasta reforça que “todos os dias há equipes realizando a manutenção de vias não pavimentadas em todas as 7 regiões da Capital”. 

Rua Viviane Martins Budib, em Campo Grande. (Henrique Arakaki, Midiamax)

Descarte irregular de lixo e entulho é crime

Conforme a Sisep, o descarte irregular de resíduos é crime. A pessoa que for flagrada e autuada administrativamente pode ter que pagar multa que varia de R$ 2.944,50 a R$ 11.778,00.

“A administração municipal pede a ajuda da população para evitar que alguns moradores sem consciência continuem transformando áreas públicas em depósitos de lixo, denunciando pelo telefone 153 e acionando a Patrulha Ambiental da Guarda Civil Metropolitana”.