Com seca mais grave em 70 anos, Pantanal tem mais de 2 milhões de hectares queimados

Nos próximos dias, as condições climáticas tendem a desafiar o combate aos incêndios no bioma

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Operação Pantanal (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax).

A atualização do boletim da Operação Pantanal, nesta quinta-feira (5), indica que o cenário de seca no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tende a desafiar o combate aos incêndios florestais nos próximos dias, diante de umidade do ar em 5% e calor beirando os 43°C. Com seca mais grave dos últimos 70 anos, o Pantanal tem mais de 2 milhões de hectares queimados.

Os dados do Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais) somam queima de 2.547.575 hectares neste ano nos dois estados. Márcio Yule, coordenador do Prevfogo do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ressalta que a medição dos rios está 20% abaixo da média histórica, e cita como exemplo a estação de Ladário.

“Nunca esteve tão seco, tão abaixo da média e seca muito antes do período de estiagem. Quando o Rio Paraguai está seco, mesmo com chuva nas cabeceiras do Rio Aquidauana ou Miranda, não chega no Rio Paraguai para conter e extravasar no Pantanal. O pessoal das fazendas comenta que as cheias duravam de dois a três meses. Agora, mesmo chovendo, fica cheio uma semana e no máximo 10 dias. Isso interfere”.

O balanço do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) mostra que Corumbá, cidade que possui maior território pantaneiro, teve chuva abaixo do esperado para agosto.

Distribuição de brigadas

Yule reforça que o grande problema no combate não é a falta de recursos e nem de equipe atuando, mas as condições meteorológicas e a seca severa.

Há distribuição de brigadas no Estado do Prevfogo e Corpo de Bombeiros. Entretanto, Yule cita a unidade na reserva Kadiwéu, que, mesmo com esforço de 70 brigadistas, teve 50% da terra indígena queimada.

“O fogo começou fora e atravessou o território. Deslocamos um helicóptero, pois a terra é de difícil acesso, de 15 a 40 mil hectares com pouquíssimas estradas de acesso. Essa operação não tem data para terminar. Nesse ano antecipamos a operação de combate. No ano passado tivemos o pior novembro e nesse ano o pior mês de julho”.

Calor acima de 40°C e umidade em 5%

O cenário tende a piorar a partir de sábado (7) em Mato Grosso do Sul, com aumento de temperatura no Pantanal. A meteorologista e coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Valesca Fernandes, informa que houve registro de garoa em Miranda, de 0,4 milímetros.

Até a quarta-feira (11), as temperaturas voltam a ficar altas, com máxima de 38 a 43°C e umidade relativa do ar de 5 a 20%. Ou seja, a condição extrema é de alto risco para incêndios florestais.

Resgates de fauna

Estão somando na força-tarefa, militares de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Imagens registradas pelas equipes mostram os animais resgatados, com patas e partes do corpo queimadas.

“Toda vida é importante. São situações que a gente se depara no dia a dia de combate aos incêndios. São vários estados que estão auxiliando. O pessoal do RS está atuando no combate a um incêndio de Miranda e de SC em Aquidauana”, afirma a tenente-coronel Tatiane Dias de Oliveira Inoue, do CTA (Centro de Proteção Ambiental).

Confira o vídeo:

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Uma publicação compartilhada por LÉO MEDEIROS | DRONES | FPV | IMAGENS AÉREAS (@leomedeirosfpv)