Um bebê recém-nascido, diagnosticado com problemas renais, morreu na última segunda-feira (17) aguardando uma vaga em leito na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian). A mãe, de 25 anos, continua internada após o parto por cesária, que teria sido marcado pela equipe médica.

Segundo a advogada Janice Andrade, que representa a família, a jovem realizou todos os exames pelo SUS (Sistema Único de Saúde), constatando que o neném tinha o rim esquerdo displástico e o rim direito policístico, além de hipoplasia pulmonar, uma condição definida por desenvolvimento pulmonar incompleto. Ou seja, a família esperava que o hospital estivesse preparado para o suporte essencial diante das síndromes.

Contudo, sem leito em UTI disponível, o bebê não resistiu e faleceu horas após o nascimento na maternidade do hospital. A advogada ainda ressalta que houve negligência na entrega de documentos, como o boletim médico para agilizar o processo de pedido de urgência na Defensoria Pública para uma vaga em maternidade.

‘Morreu agonizando’

“Nós demos início na documentação no plantão da Defensoria, mas o hospital dificultou a entrega do boletim médico e do atestado sobre as condições de saúde do bebê. A família está muito abalada. O pai ficou horas da noite tentando agilizar a documentação”, disse a advogada ao Jornal Midiamax.

Segundo a família, a equipe do hospital ainda teria dito que a criança não iria sobreviver. “Não teve humanidade, pois mesmo que sobrevivesse dois ou três dias, teria que ter um amparo. Todos os exames de ultrassom constatavam os problemas renais, mas não teve uma reserva de leito. A criança morreu agonizando”, diz.

A tia informou que a gestante havia feito o acompanhamento pelo SUS e a médica marcado o parto para a segunda-feira. A família afirma que o atendimento tinha ciência da urgência sobre uma vaga em UTI. “Ela (recém-nascida) nasceu com a saturação, se não me engano, de 57, mas chegou a 20. A médica disse que precisava de uma vaga urgente, que não ia aguentar”.

O que diz o hospital

Em nota, o hospital confirmou a falta de leito, mas que conta com uma equipe capacitada para assistência em saúde qualificada a estes pacientes. Entretanto, há “doenças que são incompatíveis com a vida”.

Confira na íntegra:

“O Humap-UFMS/Ebserh é referência para gestações de alto risco e conta com equipe capacitada para assistência em saúde qualificada a estes pacientes. Atualmente todo o estado de Mato Grosso do Sul encontra-se em situação de falta de leitos de terapia intensiva neonatal. No caso de pacientes recém-nascidos, existem doenças que são incompatíveis com a vida, gerando grande sofrimento para as famílias no momento em que a morte deste bebê ocorre. Com relação à paciente citada, o Humap forneceu todas as ações de assistência em saúde necessárias ao seu atendimento. Lamentamos a perda e somos solidários à família nesse momento de dor”.