Com gestão do HR de Campo Grande, Governo de MS quer criar rede estadual de saúde

Comitê foi criado para fazer a transição da gestão do Hospital Regional de Campo Grande

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(Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

A decisão do Governo do Estado de assumir a gestão do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, a partir da não renovação do Protocolo de Cooperação com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), integra um Plano de Atenção Hospitalar Estadual com unidades próprias.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Midiamax, a secretária adjunta da Secretaria de Estado de Saúde, Christinne Maymone, detalhou os planos do Governo do Estado para os hospitais regionais de Mato Grosso do Sul. Atualmente, há unidades em Dourados, Três Lagoas e Ponta Porã.

(Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

“Estamos em um novo modelo de gestão e fizemos vários estudos de como queremos a saúde estadual. Muitos estados têm uma rede estadual também, que geralmente visa atender o maior número de pessoas e estamos migrando aqui”, afirma a secretária adjunta do Estado.

Plano estadual de saúde

Em 21 de dezembro de 2023, a resolução 139/SES detalhou o Plano de Atenção Hospitalar Estadual. Os hospitais regionais de Campo Grande, em Dourados, Três Lagoas e Ponta Porã passam a compor o plano.

A secretaria pretende ainda incorporar outras quatro unidades hospitalares a serem construídas, sendo:

  • Maternidade, Centro de Parto Normal e Casa de Apoio, a ser implantado no Município de Campo Grande;
  • Hospital Regional de Dourados, a ser implantado no Município de Dourados;
  • Hospital Regional de Coxim, a ser implantando no Município de Coxim;
  • Hospital do Pantanal, a ser implantado no Município de Corumbá.

Com a definição estadual, o Hospital Regional de Campo Grande vai atender Alta Complexidade de Cardiologia, Oncologia – UNACON com pediatria, Hemodiálise, Ginecologia, Obstetrícia, Gestação de Alto Risco, Pediatria, Neonatologia, Cirurgia Bariátrica, UTI Adulto, UTI Pediátrica e UTI NEO.

Procedimentos de alta complexidade também são realizados no Hospital Regional de Três Lagoas, enquanto o de Dourados realiza cirurgias eletivas e o de Ponta Porã, cuidados intensivos adultos.

Governo cria comitê para transição

Apesar do Governo já citar em suas publicações o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul na rede estadual de saúde, a unidade está em fase de transição. Nesta quinta-feira (18), a SES (Secretaria de Estado de Saúde) publicou a resolução número 159 que cria o comitê no DOE (Diário Oficial do Estado).

O documento detalha que a criação do comitê acontece depois do hospital voltar a integrar o Sistema de Controle de Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade, em dezembro do ano passado, após a SES aprovar retorno do teto financeiro do hospital, com repasse mensal de R$ 4.802.141,38.

Em relação aos recursos, Christinne Maymone afirma que o Hospital Regional de Campo Grande é estadual e gerido majoritariamente com recursos estaduais. Destaca que mensalmente o hospital custa R$ 35 milhões, sendo R$ 30 milhões do Governo do Estado e R$ 4,8 milhões pagos pelo Governo Federal por produção.

“Não temos contrapartida nenhuma do município, nem financeira e nem de trabalhadores. Por isso só vamos administrar o que é nosso. Vamos passar pelo período de transição, sem traumas para absolutamente ninguém”, afirma a adjunta.

Crise no HRMS

O HRMS suspendeu as cirurgias eletivas, aquelas que são agendadas, desde a segunda-feira (15) e a expectativa é que os procedimentos retornem na próxima semana. Inicialmente, o hospital informou que alto número de atestados motivou a decisão, incluindo servidores afastados por Covid-19.

Mas reportagem do Jornal Midiamax revelou que, na verdade, a suspensão das cirurgias ocorreu por déficit de quase 300 profissionais só do setor da Enfermagem. A crise com pessoal foi agravada pela quantidade de atestados. O HRMS e a Saúde de MS, apesar dos pedidos da reportagem, não revelaram o número total de atestados apresentados pelos trabalhadores recentemente.

Sindicalistas afirmam que a crise com pessoal poderia ser resolvida com lançamento de concurso para o hospital, já que o último aconteceu há 10 anos.

A realização de um novo concurso com 279 vagas foi autorizada há oito meses, mas o Governo do Estado não tem data exata para publicar o edital. Questionado pelo Jornal Midiamax, o Governo do Estado afirma que a previsão atual é que o referido edital deverá ser publicado nos “próximos dias”. Mas não especifica a data e nem mesmo o mês de lançamento.

Além da falta de pessoal, o hospital enfrenta precariedade na estrutura. Nesta semana, a direção do hospital informou que até substituição de álcool 70% por clorexidina 0,5% precisou ser feita para frear possível surto de contaminação no hospital. A substituição aconteceu por falta de álcool no estoque.

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