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Cotidiano

Com 102 milhões de ‘wolbitos’ soltos, pesquisa espera redução da dengue em Campo Grande

Mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia foram soltos em todos os bairros de Campo Grande
Priscilla Peres -
Mosquitos com Wolbachia soltos na Capital. (Foto: Divulgação/Governo de MS)

Wolbachia, uma bactéria que pode fazer com que o Aedes aegypti não contraia o vírus da dengue, zika, chikungunya e febre-amarela. O micro-organismo é inserido nos ovos de Aedes, criando uma geração de mosquitos – os wolbitos – incapazes de transmitir essas arboviroses, tornando-os inofensivos.

Em Campo Grande, graças a uma frente internacional em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), eles já são 102 milhões e a expectativa é que os frutos positivos da pesquisa sejam colhidos já nesse ano, com diminuição significativa dos casos de dengue, por exemplo.

Foi o que aconteceu em Niterói, uma das cinco cidades brasileiras que receberam o projeto desenvolvido pelo World Mosquito Program, uma frente internacional e sem fins lucrativos que atua para proteger o planeta contra doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Ano passado, o município fluminense tornou-se o primeiro no Brasil com 100% do território coberto pelo método e teve redução gradativa nos casos positivos desde o início do projeto.

É o que se espera que ocorra em Campo Grande, onde os wolbitos foram liberados em 2020. A Fiocruz contabiliza que, nos últimos três anos, cerca de 102 milhões de Wolbitos foram liberados em todos os bairros da Capital. Atualmente em fase de análise, o projeto acompanha a população de Aedes aegypti com Wolbachia e espera resultados significativos na redução dos casos de dengue. Além de Campo Grande e Niterói, wolbitos foram liberados pela Fiocruz em , Petrolina e no .

De olho nos ‘wolbitos’

Após a soltura dos wolbitos em todos os bairros de Campo Grande, a fase agora é de monitoramento. Líder de operações WMP Brasil (World Mosquito Program Brasil), Gabriel Sylvestre explica que agora a equipe atua para entender se a Wolbachia vai se manter no território e em que nível e o monitoramento epidemiológico.

“A partir de agora vamos entender como vai ser a transmissão no território, mas serão 2 anos de análise, para começarmos a ter indicadores sobre redução da dengue em Campo Grande. Mesmo com o método, acredito que nunca podemos ficar tranquilos em relação à dengue, que é um problema complexo e envolve um esforço coletivo de proteção”, explica Gabriel.

Conforme a organização do programa, até o momento os resultados em Campo Grande são muito promissores, com a Wolbachia estando presente em todos os territórios com índices muito satisfatórios.

Expectativa com o método

Bons resultados em Niterói

No Brasil, o Método Wolbachia chegou primeiro a Niterói, Rio de Janeiro, onde a ação ocorre desde 2015 e já é possível ver resultados satisfatórios. Dados de 2021 mostram redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção. Naquele período, 75% do território estava coberto.

Mesmo com os desafios impostos pela pandemia da Covid-19, o trabalho seguiu com o monitoramento e a triagem dos mosquitos. Em 2022, o trabalho recomeçou. Na fase de finalização, os mosquitos com a Wolbachia foram liberados em 19 bairros localizados na área da região Norte que ainda não estava coberta, na região de Pendotiba e na região Leste.

“Esses números estão publicados em artigo científico e corroboram os dados do WMP em outros países. Depois dos dados de 2021, a gente vem acompanhando ainda toda a série histórica da cidade, com os dados secundários do município, coletados do Sinan, tanto de dengue, como de Zika e de chikungunya e outras análises foram realizadas recentemente, mostrando resultados ainda superiores na redução dos casos das arboviroses”, destaca Luciano Moreira.

Redução da dengue em MS

Coincidência ou não, os casos de dengue em Campo Grande, em 2024, estão ao nível bem abaixo do registrado em 2023. Dados do Painel de Arboviroses do Ministério de Saúde mostram que são 545 casos prováveis de dengue na Capital.

Chama atenção o registro de casos de dengue semana a semana, em Campo Grande. Desde o início do ano, apenas em uma semana os casos se igualaram ao número do ano passado, em todos os outros estão bem abaixo.

Na semana 7, por exemplo, foram registrados 127 casos prováveis de dengue em Campo Grande, contra 400 no mesmo período de 2023. Na semana 8, foram 70 casos este ano contra 437 no ano passado. E na semana 9, são 83 casos prováveis de dengue este ano, contra 526 registrados no ano passado.

Mas, não há motivo para acreditar que a dengue está controlada, já que a prevenção deve ser rotina. Além do método Wolbachia ter sido implementado apenas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul soma 7.460 casos de dengue, com quatro mortes registradas em 2024.

Autoridades alertam que ‘o pior está por vir’ em MS

Número de casos mais baixos que no mesmo período do ano passado em Mato Grosso do Sul, não significam que a situação é confortável. Na verdade, os números mostram que o pico de casos de dengue acontece a partir de março no Estado. Dados de 2023 mostram alta significativa de casos a partir da semana 9 até a semana 20, ou seja, entre março e maio.

Médica infectologista, Mariana Croda explica que Mato Grosso do Sul está em fase de preparação para época de maior incidência da doença, que historicamente acontece a partir de março. Por enquanto, os dados estaduais de dengue não são alarmantes.

“A gente acredita que para combater a dengue precisamos de modalidades multimodais, e a vacina é mais uma arma que a gente tem. Na epidemia desse ano, a gente já deve conseguir sentir diferença com a vacinação, entretanto pega uma faixa etária que não é de maior risco, a gente continua muito preocupado com idosos, os extremos de idade, que são populações sob risco e sem proteção”, afirma a pesquisadora.

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