Menina de três anos que foi mordida por um cão da raça pitbull em um shopping de Campo Grande, na noite de quarta-feira (17), despertou discussões sobre a presença de animais domésticos em shoppings e outros ambientes fechados. Afinal, o problema é o ambiente, a raça ou o comportamento do animal?

Nas redes sociais, as opiniões da população se dividem entre adeptos de passeios com pets em shoppings e quem acredita que esses não são ambientes adequados para os bichos.

O Jornal Midiamax conversou com especialistas no assunto para saber quais medidas são as mais adequadas. 

Para o operador de cão policial, Paulo Rodrigues, especialista em comportamento canino com 11 anos de experiência em adestramento, o problema não é, necessariamente, a raça do cão, apesar de serem comuns situações parecidas como essa envolvendo pitbulls. 

“O ponto é que devemos conhecer as características da raça do cão que temos, o temperamento e impulsos que o indivíduo possui. Instintos de caça e presa elevados podem levar cães a atacar pessoas ou animais que estão em movimento, como essa situação (do )”, explica Rodrigues.

Segundo o especialista, expor um cão a qualquer ambiente novo sem trabalhar a habituação, a ambientação dele gradativamente, pode ser estressante e, com isso, o bicho pode demonstrar sinais de agressividade por medo, independente da raça.

Habituação a vários tipos de ambiente

“Durante os primeiros meses de vida do animal é importante trabalhar a socialização com pessoas e outros animais para que ele aprenda a conviver em harmonia, já que nessa fase ele ainda é jovem para apresentar ”, orienta o adestrador. 

Ele ainda detalha que é nessa fase que é trabalhada a ambientação, que é apresentar para o cão vários tipos de ambientes. “Esses ambientes apresentam muitos estímulos externos ao passo que o cão pode não acatar uma ordem do dono pelo valor atrativo que esse estímulo pode apresentar a ele.” Por isso é importante a habituação gradual. 

A médica veterinária Flávia Acorci reforça essa orientação, e explica que cães necessitam socializar com outros cachorros, além de precisarem de companhia. “Se ele for estimulado desde a fase inicial, ele terá um convívio melhor e menos estressante com humanos e outros pets. Ambiente de shopping, se ele for estimulado desde a fase inicial, é, sim, um ambiente confortável”, define a veterinária.

Fique atento aos sinais de alerta

Mesmo assim, tutores precisam ficar atentos a alguns sinais. Segundo ela, entre as demonstrações de desconforto do animal estão: tremor, latido excessivo e rabinho abaixado e encolhido entre as patinhas. 

Pós-graduado em cinotecnia policial, que é a área relacionada à criação, manejo e treinamento de cães para tarefas da atividade policial, Rodrigues também destaca a importância da utilização de alguns recursos e objetos para ampliar a segurança de pessoas e outros animais durante passeios com pets. 

“É ideal utilizar um bom equipamento como colar, de preferência justo, para evitar , e ter bom controle da guia para que o cão não se aproxime das pessoas. Também, se for o caso, usar focinheira no animal, lembrando que o cão deve estar habituado a usar, senão também pode causar estresse nele”, esclarece Rodrigues. 

Pessoas que não têm habilidade para essas questões podem procurar a ajuda de profissionais da área, como veterinários e adestradores, que poderão orientar para evitar situações como a que ocorreu no shopping.

Necessidades dos cães em ambientes fechados

A veterinária Flávia também pontua a importância dos lugares frequentados por tutores com seus animais estarem preparados para receber os bichos. “Os shoppings têm que ter a estrutura necessária para o acolhimento dos pets, como fornecimento de água, local para fazer xixi e cocô. Ideal é sempre levar um bebedouro portátil com água, petiscos e saquinhos para recolher as necessidades”, afirma. 

Ela também lembra que ambientes abertos como parques são sempre muito mais atrativos para um cão, “pois é um ambiente onde ele pode farejar, entrar em contato com a natureza.” 

Mesmo assim, outros lugares também significar um ótimo passeio. “Se ele for estimulado ao convívio com humanos e outros pets desde a fase inicial, e de preferência com acompanhamento de um veterinário comportamental, com certeza será uma aventura confortável e feliz”, finaliza a veterinária.