A área atingida por incêndios florestais no Pantanal de Mato Grosso do Sul aumentou mais de 27 vezes em 2024 em comparação com 2023. Os dados se referem ao monitoramento de incêndios florestais realizado entre 1° de janeiro a 23 de junho, ou seja, em menos de seis meses do ano.

De acordo com o boletim, de 1° de janeiro a 23 de junho do ano passado foram queimados 17.650 hectares de Pantanal, já no mesmo período deste ano foram incendiados 479.775 hectares. Grande parte das regiões devastadas pelo fogo são áreas protegidas, como Unidades de Conservação e terras indígenas.

O número indica que o desastre ambiental pode aumentar ainda mais, já que o período mais crítico dos incêndios florestais no bioma pantaneiro começa em julho, se intensificando em agosto e indo até outubro.

As informações foram analisadas pelo Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul) e pelo CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso do Sul), sendo divulgadas no Informativo dos Incêndios Florestais nº 03 nesta quarta-feira (26).

Queimadas no Pantanal 

O número de focos de calor no Pantanal também “explodiu”, crescendo quase 21 vezes de um ano para o outro, subindo de 91 registros em 2023 para 1.901 nesse mesmo período de 2024.

Segundo o levantamento, entre os municípios que concentram 98,1% dos focos de calor no Pantanal estão Corumbá (84,7%), Porto Murtinho (7,2%) e Aquidauana (6,2%), conforme dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Em Corumbá, a população convive com o fogo e a fumaça intensa das queimadas desde o dia 4 de junho

De acordo com análise do LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o ressecamento do solo da região pantaneira é inédito e deve ser fator crucial para que os incêndios queimem área superior a 2 milhões de hectares até o fim de 2024. 

Segundo a nota técnica 1/2024, de 24 de junho, esse ressecamento é resultado de seca persistente extrema nos últimos 12 meses. Tal cenário contribuiu para aumento do acúmulo de material combustível na região, o que faz com que os incêndios se propaguem mais rapidamente.

Queimadas no Cerrado

Os números relativos às queimadas registradas no Cerrado são menos críticos, mas a quantidade de focos de calor subiu. 

Em 2023, entre os dias 1º de janeiro e 23 de junho, foram registrados 140.675 hectares de área queimada nesse bioma, número que caiu 36,2% em 2024. No período analisado deste ano, foram 89.750 hectares queimados.

No entanto, em relação aos focos de calor, o número quase dobrou, saltando de 502 registros no ano passado para 917 em 2024, o que significa um aumento de 82,7%. 

Já em relação ao número de ocorrências de incêndios florestais atendidas pelo CBMMS, foram 1.278 atendimentos realizados entre 1° de janeiro e 23 de junho de 2023. 

No entanto, esse número disparou em 2024, sendo atendidas 2.322 ocorrências no mesmo período deste ano, o que representa um aumento de 81,7%.

“Ressalta-se que as plataformas de monitoramento de focos de calor por satélite não distinguem queimas prescritas ou queimas controladas de incêndios florestais”, detalha o Cemtec no relatório.

“O CBMMS já está em atuação na região de incêndios desde o dia 2 de abril e já foram empregados um efetivo de 286 bombeiros e bombeiras militares nas ações de prevenção, preparação e combate aos incêndios florestais”, diz ainda o informativo. 

Previsão meteorológica 

Segundo a meteorologia, entre os dias 26 e 30 de junho a previsão indica mudança no tempo, com destaque para queda das temperaturas devido à frente fria que se aproxima de Mato Grosso do Sul e o aumento de nebulosidade. 

A probabilidade é baixa, mas existe a possibilidade de pancadas de chuvas no Estado, principalmente nas regiões sul, sudeste e sudoeste. 

Já na região pantaneira, a previsão é de queda de temperatura com valores entre 13°C e 17°C, além de aumento de nebulosidade, mas sem previsão de chuva. 

No Pantanal de Mato Grosso do Sul, o tempo deve permanecer seco, com sol e variação de nebulosidade e o perigo de fogo encontra-se entre o risco “baixo” a “muito alto” no dia 30 de junho, sendo o mais crítico na porção norte e noroeste.