Após ter casa incendiada, líder indígena Catarina Guató faz campanha para reconstruir o que perdeu

Anciã do povo Guató, Catarina teve sua residência invadida e incendiada na última sexta-feira (23)

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Catarina Guató
Catarina Guató fazendo seu artesanato (Foto Fabio Pellegrini)

Anciã e guardiã do conhecimento do povo Guató, a líder indígena Catarina Guató teve sua casa invadida e incendiada na última sexta-feira (23), na cidade de Corumbá, a 425 km de Campo Grande.

Referência no artesanato indígena, Catarina recebeu o título de Doutora Honoris Causa em 2022, devido ao seu trabalho em prol da preservação do Pantanal e difusão da cultura Guató.

Catarina relata que uma semana antes do incêndio, sua casa foi alvo de invasão e diversos objetos foram furtados. Na ocasião, ela estava em tratamento médico em Campo Grande, por isso não presenciou o ocorrido.

“Minha casa foi invadida e roubada, na outra semana entraram lá novamente e atearam fogo. Queimou tudo, não sobrou nada, só as telhas”, lamenta.

A artesã detalha que, no dia em que a casa foi incendiada, havia acabado de chegar a Corumbá e visitava uma amiga quando recebeu a notícia sobre o incêndio.

Vizinhos acionaram o Corpo de Bombeiros que conseguiu controlar as chamas, contudo a casa ficou completamente destruída. Testemunhas também relataram ter visto uma mulher saindo da residência logo após o incêndio.

“Quando se taca fogo em um lugar é porque está com ódio. Na hora fiquei sem reação, perdi tudo, mas ainda tenho esperança que logo irei reconstruir minha casinha, era o único terreno que eu tinha”, diz a artesã que sonha em criar um instituto cultural com seu nome.

Ainda segundo parentes da líder indígena, um boletim de ocorrência foi registrado e a Funai será acionada para, junto a polícia, investigar o caso.

Para auxiliar na reconstrução da casa, a artesão criou uma campanha solidaria, doações podem ser enviadas ao Pix: (67) 99698-6764.

Anisio, professor e indígena do povo Guató, ressalta que há anos seu povo tem lutado para permanecer e preservar a região do Pantanal em Corumbá. No entanto, ainda sofrem com o preconceito a cultura indígena e falta de incentivo por parte do governo.

“Precisamos de apoio do poder público. Estamos aqui no Aguapé há anos fazendo um trabalho de preservação do Pantal, mas não temos um conjunto habitacional indígena. Têm áreas aqui em Corumbá que poderiam ser destinadas à criação de casas e espaços culturais, mas isso não acontece”, lamenta.

Indígena e doutora em preservação do Pantanal

Catarina Guató
Catarina Guató recebendo o título de Doutora Honoris Causa (UFMS)

É através dos ramos secos do aguapé, planta típica do pantanal, que Catarina cria cestas e bolsas e difunde a cultura do povo Guató a todo o Brasil.

A artesã é natural da Aldeia Uberaba, na Ilha Ínsua, a 211 km de Corumbá, berço do povo Guató, mas grande parte de sua vida foi na Barra do São Lourenço, comunidade localizada na margem do rio Paraguai, na região da Serra do Amolar.

Em 2022, a líder indígena recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul). O título foi concedido devido ao seu trabalho de fomentar a cultura indígena e por promover a preservação do Pantanal.

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