Em janeiro de 2023, moradores do Água Limpa Park foram surpreendidos com a água de uma lagoa invadindo suas residências e levando móveis, animais e estruturas – além de deixar um rastro de sujeira. Mais de um ano depois e com a época de chuva cada vez mais próxima, residentes seguem com temor de que o problema volte ocorrer.
Um deles é Bruno Magno, que vivenciou a situação no ano passado. Ao Jornal Midiamax, ele relata que não chegou a perder móveis na enxurrada, mas que ficou “ilhado” em casa e que viu os vizinhos perderem tudo. “A água transbordou, invadiu casas, derrubou muros, derrubou paredes das casas. Um vizinho aqui perdeu todos os móveis. Teve coisa que foi parar três, quatro ruas para baixo”, conta.
O “piscinão” está localizado na esquina das ruas Marluce e Formosa, no Água Limpa Park. Naquele dia, choveu 68% do esperado no mês de janeiro em Campo Grande. Vídeos mostram que a água arrastou geladeira, fogão e outros objetos de uma casa atingida pela força da água na região localizada na saída para Rochedinho, em Campo Grande.
Confira o vídeo:
A lagoa de contenção da água da chuva estava assoreada e com tubo de drenagem tapado, causando transbordamento. A água invadiu a casa de uma família e a força da enxurrada era tanta que os deixou encurralados.
“Na hora que a gente chegou no canto da garagem, a parede [da cozinha] estourou. Foi questão de minutos”, recorda o morador, um advogado de 56 anos. Ele relatou que assistiu toda a casa sendo levada pela água enquanto ainda estavam lá dentro. “A gente tentou sair de onde estávamos, mas a velocidade da água era tão forte que a gente precisou ficar no canto até ela escoar”, disse na época.
Lixo acumulado
Outra problemática enfrentada pelos moradores, que agrava a situação da bacia de contenção, é o acúmulo de lixo. “Muita gente joga lixo; fica difícil para gente cuidar. Alguns vizinhos, quando chegaram, abordaram alguém jogando lixo e foram ameaçados; o negócio fica chato”, relata à reportagem.
Ele conta que a água que escorre de outros bairros cai no lago de contenção, que fica sobrecarregado. “[…] fica aquela bagunça toda, mas a hora que chover, aí o que acontece? Eles jogam de tudo ali no buraco, então a hora que chover com vontade de novo, vai acontecer. E até agora nada, ninguém fala nada”, reclama Bruno.
Agora, os moradores temem que o mesmo aconteça quando a seca passar e o período de chuva voltar. “E agora já chegou mais gente aqui também; tem mais famílias morando aqui também e correndo esse risco. É que não choveu, a realidade é essa”, relata Bruno.
Audiência pública com moradores
No dia 15 de março do ano passado, uma audiência pública discutiu os problemas da região, mas, conforme Bruno, tudo ficou apenas no ‘disse-me-disse’.
“Nunca foi feito nada de significativo, a não ser depois que houve o transbordamento; fizeram uma limpeza aqui, mas assim, não resolveu o problema. É uma gente falando bonito para cá, falando bonito para lá, mas um jogando a culpa no outro. Quando as chuvas voltarem, vai acontecer de novo”, diz.
O Jornal Midiamax pediu o detalhamento das ações realizadas pela Prefeitura de Campo Grande na bacia de contenção, mas até esta publicação não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
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