‘Vivia à base de remédios’: cirurgia de redução de mama muda vida de Helen após espera de 20 anos
Sul-mato-grossense esperava na fila do SUS há 20 anos e só conseguiu procedimento após reportagens e leilão de moradores de Ivinhema
Karina Campos –
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“É uma sensação de bem-estar na alma. Literalmente, de leveza. Ninguém me olha mais daquele jeito, não escuto piadas grosseiras e maldosas”. Assim começa a atualização de uma notícia publicada pelo Jornal Midiamax há quase três anos.
Naquela época, Helen Cristina contou que, desde a adolescência, enfrentava as dores do peso das mamas. Agora, a moradora de Ivinhema, a 289 quilômetros de Campo Grande, sabe o que é ter qualidade de vida e autoestima após a redução.
Foram mais de 20 anos na fila do SUS (Sistema Único de Saúde) aguardando uma cirurgia, o que gerou sequelas na coluna. Apesar da redução mamária, tais dores não cessam. O que também não chega a ser um desalento da mudança extrema no físico. Helen conta que na época, além da vaquinha para custeio do tratamento, foi surpreendida com a bondade dos vizinhos.
“É uma outra vida, desconhecia essa qualidade de vida. Antes eu tinha dores todos os dias, vivia à base de remédios e injeção para amenizar a dor. A cirurgia aconteceu em março de 2021, só consegui graças à divulgação da mídia e a um leilão de prendas que a rádio da cidade fez. Fui pega de surpresa por eles, não sabia até chegar umas prendas na minha casa. A radialista ligou e abraçou a causa. Várias pessoas foram anjos na minha vida depois que foi divulgado”.
Cerca de seis meses após a cirurgia, Helen foi procurada pela Defensoria Pública para oportunizar o segundo procedimento, já que o primeiro, pelo tamanho da auréola do seio, deixou cicatrizes. Entretanto, a luta pela burocratização de receber ajuda pública continua.
“O juiz me informou que tenho que conseguir três orçamentos para conseguir a corretiva dos pontos, não sei o termo técnico que os especialistas usam, só que só tem apenas um cirurgião plástico e ainda na cidade vizinha, em Nova Andradina. Ou seja, terei mais gastos de viajar, correr atrás para entregar o que pedem. Em breve vou na unidade de saúde da mulher fazer umas fotos necessárias pela anexar no laudo. Nesse caso, a cirurgia é mais barata e não demora 8h como foi a outra”.
Antes do processo, Helen vestia sutiã adaptado que passava dos 60 centímetros e agora fala da tranquilidade de não ter dificuldades em encontrar vestimentas. “Não tenho mais aquela sensação de carregar dois pacotes de arroz de 5 kg. O olhar que chocava as pessoas ao me olhar parou de me constranger. A coluna não volta a ser a mesma, mas nem se compara ao que sentia”, revela.
Quanto custa?
Apesar de ser um direito pelo SUS, pacientes com hipertrofia mamária ou gigantomastia precisam comprovar não ter condições de arcar com os custos do processo, além de laudo médico que mostre a condição que compromete o sistema músculo-esquelético, provocando, sobretudo, dores na região da coluna vertebral.
O Ministério da Saúde também estabelece obrigações em planos privados. Em média, a cirurgia custa de R$ 13 mil a R$ 40 mil
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