O caso da cachorrinha prenha enterrada viva enquanto paria comoveu moradores de Campo Grande, no início do ano. A mãe e o resto da ninhada não sobreviveram a tamanha crueldade, com exceção de Vitório, adotado por protetoras que compensam no carinho e uma cama para dividir. O filhote ainda cresce na missão de ajudar no desenvolvimento da protetora com autismo.

Daniela Matos dos Reis e Georgia Reis de Oliveira, de 21 anos, se envolveram no resgate dos cães, que foram retirados prematuramente da cadela; apenas dois foram retirados com vida, Vitor e Vitório. Vitor morreu após crises de convulsão, com 22 dias. Já Vitório cresce saudável com raras sequelas de recém-nascido, mas quase partiu pelas crises causadas pela falta de oxigênio debaixo da terra e do nascimento prematuro forçado. No mesmo dia, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória.

“Sou autista e dar mamadeira de madrugada para o Vitório, na época de recém-nascido, foi meu trabalho. Eles ajudam no meu desenvolvimento. Vitório está lindo e saudável hoje, mas sofreu muitas convulsões ainda bebê. Minha mãe decidiu que ficaríamos com ele. Hoje, ele dorme comigo na cama”, conta Georgia.

Filhote com chupeta e alimentação especial

O cão completará quatro meses na próxima semana, após dias de tratamento intenso, mas sem desistir. A tutora conta que ele foi atendido gratuitamente pela Clínica Gênesis, com castração, vacina e tratamento. As crises convulsivas são raras atualmente, levando uma vida de “herdeiro”.

“Ele ganhou [tratamento] do dr. Francisco e a equipe dele salvaram a vida do Vitório mais de quatro vezes, uma ótima equipe. Entretanto, tivemos outros animais internados que ainda estamos devendo. Inclusive, lá na Gênesis tivemos um resgate que ficou quase um mês internado; a continha não está barata, mas vamos fazer o possível”, disse.

Cão banhado e durante brincadeira (Foto: Arquivo pessoal)

Família

Além das protetoras, o filhote ganhou outros nove irmãos, a maioria com deficiência; a ONG Idpams (Instituto de Proteção Ambiental de Mato Grosso do Sul), responsável pelos resgate, está com três cachorrinhas para adoção.

“A Perrita foi jogada na rua com 30 dias, sem uma das patas e cheia de carrapatos; Daisy foi jogada recém-nascida na porta de uma ONG, mas sem nenhuma deficiência, está saudável também; e a Samanta tem problema neurológico”.

Vitório é tratado como o bebê da casa, se dá bem com os outros e só usa tapete higiênico. Em um lar, cresce fazendo “traquinagens” normais de um cachorro, como cavar buracos no quintal a ponto das tutoras terem a ideia de plantar uma árvore. A bondade de entender um cão faz com que as tutoras acompanhem o cachorro sem o punir por fazer coisas de cachorro.

A ONG ainda arca com diversos custos, de veterinário, alimentação e medicamentos. Quem se solidarizar a doar itens ou adotar um animal, pode entrar em contato com Georgia no 67 9262-9767.