VÍDEO: Após anos de estiagem, águas cobrem estradas e criam cenas de tirar o fôlego no Pantanal
Desde 2019, o Pantanal vive períodos de estiagem, sem alagar como antigamente e com aumento exponencial das queimadas. Em 2023, o cenário é outro no Pantanal
Priscilla Peres –
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As águas são uma das principais características do Pantanal, a maior planície alagável do mundo. Em 2023, as águas voltaram ao bioma após anos de estiagem, provocando cenas incríveis e que surpreendem até mesmo quem é acostumado com o Pantanal.
As águas que hoje invadem as planícies, estradas e mostram o Pantanal cheio, estiveram escassas nos últimos anos. Desde 2019 o Pantanal vive tempos de estiagem, sem alagar como antigamente e com aumento exponencial das queimadas.
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Roberto Padovani, explica que é possível afirmar que está havendo inundação no Pantanal de Mato Grosso do Sul, principalmente devido as chuvas no Planalto e Planície.
“Mato Grosso do Sul saiu do padrão de estiagem, porém o rio Paraguai no norte na bacia continua em estiagem”, explica Padovani ao detalhar que devido a grande extensão do Pantanal, a realidade não é a mesma nas regiões norte e sul.
“Em 2023 está acontecendo que as bacias hidrográficas do sul do Pantanal estão recebendo mais chuvas que as bacias do norte do Pantanal, o contrário do que normalmente ocorre”, destaca o pesquisador. Na prática, as inundações acontecem de Ladário para baixo do Estado.
Beleza estonteante e transporte difícil
A cheia do Pantanal acontece principalmente nas regiões de Aquidauana, Miranda e região. As águas que dão vida ao bioma também dificultam o transporte de pessoas entre as fazendas e as cidades.
Ovando Barros Prado, 62, é peão no Pantanal há anos, mora numa região que fica a 110 km de Aquidauana e na última sexta-feira (10), precisou da ajuda de um trator para se locomover pelas estradas.
Imagens gravadas e enviadas por ele ao Jornal Midiamax, mostram muita água no local onde passa a estrada. “Fui para outra fazenda trabalhar e não consegui voltar. Ficamos ilhados e um colega de outra fazenda nos ajudou com o trator”, diz ele.
A água invadiu não só a estrada como a caminhonete também, uma Toyota Bandeirantes que não se abalou com a água que chegou até os bancos e segue funcionando. “Aqui segue tudo alagado e aumentando, como há anos a gente não via. Complica um pouco, mas a água é muito bom para nós aqui”.
O fotógrafo André Bittar, que registra fotos de natureza e há três anos viaja a trabalho para o Pantanal, a inundação desse ano é algo inédito para ele. “Têm três anos que venho direto para cá e é muito louco o que estou vivendo esse ano no Pantanal. Gosto de falar que alagar é uma defesa do Pantanal, que alagado fica muito mais lindo, é surreal, parece o paraíso”, conta ele.
Chuvas acima da média e alagamentos
Mato Grosso do Sul vive dias chuvosos desde janeiro, com volumes acima das médias históricas. Conforme dados do Cemtec/MS, em janeiro 26 cidades registraram volume de chuva acima da média e em fevereiro foram 33 municípios nessa condição.
Registros de precipitações mostram que em Coxim choveu 377 mm em janeiro e 265 mm em fevereiro, 51% e 25% acima do esperado para os meses, respectivamente. Em Corumbá as chuvas somaram 269 mm em janeiro e 221 mm em fevereiro, 78% e 102% acima da média, respectivamente.
A chuva continua constante em março e como consequência, três rios de Mato Grosso do Sul estão em situação de alerta devido ao nível acima da cota, de acordo com o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).
rio Aquidauana/Miranda possui como índice de alerta 6 m e teve média de 6,67 m na terça-feira (14). O Taquari registra 4,49 m, o que representa 49 cm acima do ponto de referência, e o Rio Aporé marcou 1,54 m nesta terça, enquanto a cota de referência de alerta é de 1,50 m.
Confira abaixo galeria com fotos de Andre Bittar:
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