Bastaram apenas 15 minutos de chuva para o cruzamento da avenida Marechal Deodoro (Avenida Gunter Hans), com a avenida Panambi Vera, ficar alagado na tarde desta terça-feira (17), no Bairro Guanandi, em Campo Grande.

A via abriga um dos corredores de ônibus inacabados de Campo Grande. E conforme um comerciante da região, os alagamentos começaram depois da obra que não foi concluída pela PMCG (Prefeitura Municipal de Campo Grande).

Corredor de ônibus inacabado (Foto: Leitor Midiamax)

“Sou gerente de uma concessionária de carros há 15 anos, antes a água da chuva descia normalmente. Desde que fizeram esse corredor de ônibus e não terminaram a obra, começou a alagar. Eles não fizeram drenagem, alagou em menos de 15 minutos”, disse Juliano da Silva Sousa, de 38 anos.

“Sem o sistema de drenagem ficou assim. Agora a água entra no meio dessa obra inacabada e sai arrancando tudo: terra, placas de obras e pedras vêm parar aqui na minha calçada”, concluiu.

Em nota, a PMCG (Prefeitura Municipal de Campo Grande) informou, através da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), que está sendo feita a revisão de alguns itens da planilha, para reequilíbrio econômico-financeiro. Concluído este processo, a obra será retomada e concluída.

Matéria alterada às 15h45 para acréscimo de posicionamento da Prefeitura de Campo Grande.

Caos nos corredores

Recentemente, o Midiamax mostrou em uma série de reportagens o caos espalhado pela Capital com as obras de corredores de ônibus, muitas inacabadas, que custaram mais de R$ 110 milhões aos cofres do município.

Dinheiro público escoando pelo ralo, falta de planejamento e trânsito caótico são só alguns dos problemas apontados pelos leitores que diariamente precisam ter paciência redobrada para passar por vias onde os corredores com seus ‘pontões’ foram instalados.

Midiamax revelou que na gestão de Marquinhos apenas 24% das obras dos corredores foram concluídas.

A administração pública municipal ainda foi selecionada em 2020 para um financiamento de mais R$ 93,1 milhões para modernização da malha viária da cidade, o Avançar Cidades. Ou seja, para recapear ruas e vias urbanas ao invés de insistir em tapa-buracos. No entanto, a Prefeitura perdeu a linha de crédito.

Isso porque a gestão de Marquinhos deixou a cidade negativada no Cauc (Sistema de Informações sobre Requisitos Fiscais) e no Cadin (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal), acima do teto da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) e com mais de R$ 1,5 bilhão de financiamento já contratados para fazer desembolso.

Com isso, Campo Grande ficou à mercê do Orçamento Geral da União, com recursos sujeitos a contingenciamento, e que acabaram comprometendo o cronograma de execução das obras, como as que estão atualmente paralisadas, na Avenida Gunter Hans e outra que nem começou, na Avenida Cônsul Assaf Trad, licitada no início de novembro de 2022.