Refúgio de criminosos, residência histórica de Campo Grande definha e causa revolta a vizinhos
Abandonada pelos proprietários há cerca de dois anos, a casa se tornou alvo de furtos e ponto de encontro entre usuários de drogas
Gabriel Neves –
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É comum transitar pela Rua Antônio Maria Coelho e reparar em uma casa abandonada e destruída na esquina com a Rua dos Ferroviários. Tombado há cerca de 30 anos, o local que deveria preservar a história campo-grandense, tornou-se ponto para uso de drogas e furtos, refúgio de criminosos e alvo de furtos.
O local foi tombado quando o então prefeito de Campo Grande, Juvêncio César Da Fonseca, reconheceu o valor histórico da residência em 1996. Anos depois, em 2009, o mesmo ocorreu pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Apesar da tentativa de preservação histórica dos imóveis da Rua dos Ferroviários, as pichações, o telhado caído, paredes destruídas e vegetação descontrolada escancaram o descuido e abandono do imóvel, localizado no número 10.
Além da falha em preservar o imóvel que conta parte da história da Capital, a segurança se tornou problema para vizinhos quando a casa abandonada se tornou refúgio para usuários e ladrões.
Vizinhos acompanharam destruição da casa
De porta em porta, as reclamações são as mesmas. Jovenizio Nazareti, de 70 anos, mora ao lado da residência e acompanhou de perto a depredação do imóvel após a saída de seus moradores, há cerca de dois anos.
Segundo ele, a deterioração da residência começou após a saída de sua moradora. “Pessoal começou a saquear e aí foi acabando, eles tiram tudo que é possível para vender”, comentou o morador.
Nazareti afirmou não se incomodar com a situação, mas admite que a situação saiu do controle. Ele explica que o local se tornou ponto de encontro para usuários de drogas e refúgio para moradores de rua, aumentando a sensação de insegurança.
Outro morador, que preferiu não se identificar, afirmou ter se tornado comum encontrar pessoas utilizando o imóvel como esconderijo após furtos e saques realizados na região central.
“Essa casa é um dos pontos dos criminosos aqui do Centro. O pessoal que furta para usar drogas se escondem aqui após realizarem os crimes”, comentou o morador.
Em nota, a Semadur informou que o proprietário do imóvel foi notificado para o isolamento do mesmo, visando impedir a depredação por terceiros. Segundo a secretaria, a notificação segue dentro dos prazos estabelecidos em lei. A multa neste caso varia entre R$ 2.944,50 e R$ 11.778,00.
Imóvel é tombado pelo Município e União
O imóvel faz parte do Conjunto dos Ferroviários, tombado pelo município através de Lei sancionada pelo então prefeito Juvêncio César Da Fonseca, em 1996.
Com a Lei, ficou proibido demolir ou alterar a Estação Ferroviária, suas dependências internas e externas, a sua fachada e seu estilo arquitetônico. Entretanto, o cenário encontrado é diferente.
Além disso, foi permitido que os proprietários realizassem reformas nas dependências internas das casas, “desde que não danifiquem os telhados e fachadas originais”. As reformas não ocorreram, entretanto, o abandono culminou em danos severos na estrutura.
Anos depois, em dezembro de 2009, o Iphan tombou o imóvel localizado na rua dos ferroviários nº 10, que integra o Conjunto Histórico e Urbanístico da Antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil de Campo Grande.
Segundo o instituto, não há “uma proteção individualizada sobre este imóvel, mas que, no caso federal, ele encontra-se dentro da poligonal de tombamento do conjunto urbano com 22,3 hectares, composto de 135 edifícios em alvenaria e madeira”.
Em nota, o Iphan afirma que o imóvel passou por processo fiscalizatório, além de análises de pedidos de autorização de obras, que não tiveram continuidade por parte dos requerentes, em 2019 e em 2021. Atualmente, “encontra-se em um processo de novas tratativas a fim de regularizar a situação e encaminhar para possível intervenção”.
A reportagem buscou contato com os responsáveis pelo imóvel, mas não obteve contato. O espaço segue aberto.
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