Refúgio de criminosos, residência histórica de Campo Grande definha e causa revolta a vizinhos

Abandonada pelos proprietários há cerca de dois anos, a casa se tornou alvo de furtos e ponto de encontro entre usuários de drogas

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casa tombada abandonada (1)
Casa está abandonada há anos, após saída de proprietários. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

É comum transitar pela Rua Antônio Maria Coelho e reparar em uma casa abandonada e destruída na esquina com a Rua dos Ferroviários. Tombado há cerca de 30 anos, o local que deveria preservar a história campo-grandense, tornou-se ponto para uso de drogas e furtos, refúgio de criminosos e alvo de furtos.

O local foi tombado quando o então prefeito de Campo Grande, Juvêncio César Da Fonseca, reconheceu o valor histórico da residência em 1996. Anos depois, em 2009, o mesmo ocorreu pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Apesar da tentativa de preservação histórica dos imóveis da Rua dos Ferroviários, as pichações, o telhado caído, paredes destruídas e vegetação descontrolada escancaram o descuido e abandono do imóvel, localizado no número 10.

Além da falha em preservar o imóvel que conta parte da história da Capital, a segurança se tornou problema para vizinhos quando a casa abandonada se tornou refúgio para usuários e ladrões.

Casa ficou destruída após diversos furtos. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Vizinhos acompanharam destruição da casa

De porta em porta, as reclamações são as mesmas. Jovenizio Nazareti, de 70 anos, mora ao lado da residência e acompanhou de perto a depredação do imóvel após a saída de seus moradores, há cerca de dois anos.

Segundo ele, a deterioração da residência começou após a saída de sua moradora. “Pessoal começou a saquear e aí foi acabando, eles tiram tudo que é possível para vender”, comentou o morador.

Nazareti afirmou não se incomodar com a situação, mas admite que a situação saiu do controle. Ele explica que o local se tornou ponto de encontro para usuários de drogas e refúgio para moradores de rua, aumentando a sensação de insegurança.

Sem fiscalização, local ficou anos abandonado. (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Outro morador, que preferiu não se identificar, afirmou ter se tornado comum encontrar pessoas utilizando o imóvel como esconderijo após furtos e saques realizados na região central.

“Essa casa é um dos pontos dos criminosos aqui do Centro. O pessoal que furta para usar drogas se escondem aqui após realizarem os crimes”, comentou o morador.

Em nota, a Semadur informou que o proprietário do imóvel foi notificado para o isolamento do mesmo, visando impedir a depredação por terceiros. Segundo a secretaria, a notificação segue dentro dos prazos estabelecidos em lei. A multa neste caso varia entre R$ 2.944,50 e R$ 11.778,00.

Imóvel é tombado pelo Município e União

O imóvel faz parte do Conjunto dos Ferroviários, tombado pelo município através de Lei sancionada pelo então prefeito Juvêncio César Da Fonseca, em 1996.

Com a Lei, ficou proibido demolir ou alterar a Estação Ferroviária, suas dependências internas e externas, a sua fachada e seu estilo arquitetônico. Entretanto, o cenário encontrado é diferente.

Além disso, foi permitido que os proprietários realizassem reformas nas dependências internas das casas, “desde que não danifiquem os telhados e fachadas originais”. As reformas não ocorreram, entretanto, o abandono culminou em danos severos na estrutura.

Anos depois, em dezembro de 2009, o Iphan tombou o imóvel localizado na rua dos ferroviários nº 10, que integra o Conjunto Histórico e Urbanístico da Antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil de Campo Grande.

Segundo o instituto, não há “uma proteção individualizada sobre este imóvel, mas que, no caso federal, ele encontra-se dentro da poligonal de tombamento do conjunto urbano com 22,3 hectares, composto de 135 edifícios em alvenaria e madeira”.

Em nota, o Iphan afirma que o imóvel passou por processo fiscalizatório, além de análises de pedidos de autorização de obras, que não tiveram continuidade por parte dos requerentes, em 2019 e em 2021. Atualmente, “encontra-se em um processo de novas tratativas a fim de regularizar a situação e encaminhar para possível intervenção”.

A reportagem buscou contato com os responsáveis pelo imóvel, mas não obteve contato. O espaço segue aberto.

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