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Cotidiano

Referência em parto normal em MS, unidade precisa de R$ 150 mil por mês para não fechar

Decisão liminar de dezembro de 2022 deu prazo de 90 dias para a unidade regularizar a situação da equipe de retaguarda ou fechar as portas do centro
Priscilla Peres -
Centro de Parto Normal de Sidrolândia. (Foto: Reprodução/Facebook)

O CPN (Centro de Parto Normal) de precisa de pelo menos R$ 150 mil por mês para providenciar uma equipe de retaguarda e continuar atendendo. Em funcionamento há sete anos, a unidade está irregular por não ter equipe especializada para atuar em casos de intercorrências.

A equipe necessária deve ser composta por médicos especialistas em pediatria/neonatologia, especialista em obstetrícia e especialista em anestesia. Sem tais profissionais, gestantes ou recém-nascidos que precisem de intervenção, precisam ser transferidos para .

Em nota, a diretoria administrativa do Hospital Elmíria Silvério Barbosa, de Sidrolândia, afirma que está irregular desde 2017. Decisão liminar de dezembro de 2022 deu prazo de 90 dias para a unidade regularizar a situação ou fechar as portas.

“Foi solicitado diversas vezes, por meio de ofício, auxílio do município de Sidrolândia para o financiamento de tal equipe e não obtivemos retorno”, diz a nota emitida pelo CPN. A prefeitura de Sidrolândia não se manifestou sobre o caso até o momento.

Atendimento que faz a diferença no parto

Em 2021, a jornalista Luana Campos morava em quando engravidou de seu primeiro filho. Ela gostaria de ter um parto normal humanizado e escolheu o CPN justamente por ter boas práticas e ser referência.

“Eu me senti muito segura lá, muito mesmo. Até quando eu achei que eu ia desistir, só no olhar a enfermeira me encorajou pra aguentar mais um pouquinho, e aí meu filho nasceu. Outro momento inestimável pra mim foi o apoio que eles me deram no pós-parto, porque eu tive muita dificuldade com amamentação, e aí eu voltei lá pra tirar dúvidas, me atenderam, me acalmaram”, diz ela.

Grávida do segundo filho, Luana pretendia escolher o CPN novamente, mas soube da notícia do fechamento. “O jeito vai ser procurar aqui em Campo Grande mesmo, mas eu já não sinto a mesma segurança. Eu e meu esposo ficamos muito chateados com a notícia”, conta ela.

O Centro de parto normal realizou 1.736 partos nos últimos sete anos. É uma opção de parto não só para as mulheres do município, como para as cidades próximas, inclusive Campo Grande.

Maternidades não comportam demanda

Campo Grande tem poucas opções de maternidade, que muitas vezes não atendem à demanda do SUS. A doula Laís Camargo, afirma que desde dezembro de 2022, por várias vezes encontrou os hospitais lotados.

“A maternidade Candido não comporta a demanda, Hospital Universitário também vive cheio. O CPN era uma ajuda a atender interior e também a Capital, vamos perder muito enquanto não tivermos mais opções de maternidade”, explica a doula.

Mas o CPN não representa apenas mais uma opção de lugar para dar à luz. O espaço é referência em boas práticas em relação ao parto normal. “Tem muitas mulheres que não se sentem confortáveis com o ambiente hospitalar e o CPN é um meio-termo entre hospital e casa, além de extremamente seguro”, comenta Laís.

A defensora pública Thais Dominato, coordenadora do Nudem (Núcleo Institucional de Promoção e Defesa da Mulher), classifica o fechamento da unidade como lastimável. “É um retrocesso em termos de direito das mulheres. A gente precisa de outros centros como o CPN e não fechar ele. É uma lástima não haver um acordo para manter essa unidade”.

Mulheres se mobilizam nas redes sociais

Nesta semana o Coletivo de Mães de Bonito fez um post no sobre o tema, classificando como incalculáveis os danos do fechamento do CPN. Também tem mobilizado mulheres por meio de um abaixo-assinado.

“O CPN era um oásis. Um local com atendimento de excelência e números impressionantes de desfechos positivos, num Estado com altas taxas de cesarianas e partos normais recheados de intervenções desnecessárias, com atendimentos que ignoram a mulher e sua individualidade, baseados em rotinas ultrapassadas e sem evidências científicas”, diz a nota.

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